Kozacha Lopan, uma aldeia a cinco quilómetros da fronteira com a Rússia, esteve ocupada durante sete meses pelas tropas de Moscovo. A povoação completamente destruída preserva marcas de guerra como símbolo da resistência ucraniana.
Corpo do artigo
"Bem-vindos ao inferno". Rabiscada na parede encardida de um edifício desfeito, a frase demoníaca é o cartão de visita que recebe quem chega a Kozacha Lopan, a 45 quilómetros de Kharkiv, no Norte da Ucrânia. A devastação contamina a paisagem dos dois lados da estrada esburacada, fundindo as casas destruídas em toda a linha com os campos imensos de girassóis queimados pela neve e pela guerra. Às portas da aldeia, uma faixa azul e amarela pinta um longo muro. Até há bem pouco tempo eram outras cores que estavam ali.
Durante sete meses, Kozacha Lopan viveu na escuridão. A uns escassos cinco quilómetros da fronteira com a Rússia, a povoação foi ocupada no primeiro dia da invasão e libertada a 11 de setembro de 2022, duzentos dias de um inverno profundo que deixaram para trás um cenário apocalíptico, uma aldeia esventrada com feridas abertas por toda a parte. "Tudo parou para nós. Não vivemos, apenas respirámos. Parece que fomos todos mortos. Nem sequer sei como descrever por palavras", desabafa Liudmyla Vakulenko.
No interior do edifício da administração, onde todas as janelas estão protegidas por sacos de areia, a presidente da junta afirma que agora, depois da escuridão, já não tem medo. "Sim, a guerra continua. Compreendo que ainda tenhamos de derrubá-los. Mas temos os nossos homens, por quem rezamos e estamos confiantes que nos protegerão".