CEDEAO intensifica retórica de uso da força após não conseguir reunir-se com militares golpistas. Europeus prosseguem repatriamentos.
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Os chefes militares dos países-membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) concordaram hoje, ao fim de três dias de negociações, com uma “possível intervenção militar” no Níger, à medida que o prazo estipulado pelo bloco para os militares golpistas restaurarem o líder Mohamed Bazoum se aproxima do fim. O anúncio ocorreu após uma delegação diplomática da CEDEAO regressar à Nigéria sem ter conseguido reunir, em Niamey, com a junta governante, que afastou do poder, a 26 de julho, o chefe de Estado democraticamente eleito.
O Comissário para Assuntos Políticos, Paz e Segurança da CEDEAO, Abdel-Fatau Musah, afirmou ontem que “todos os elementos de uma possível intervenção foram trabalhados nesta reunião, incluindo os recursos necessários, mas também como e quando vamos projetar a força”.
Os militares golpistas já haviam prometido uma “retaliação imediata” em caso de qualquer “agressão ou tentativa de agressão” estrangeira contra o seu país. Já o Mali e o Burkina Faso, governados também por juntas militares que executaram golpes de Estado, afirmaram que uma intervenção no Níger equivaleria a uma “declaração de guerra” contra eles. No entanto, “a CEDEAO não vai dizer aos golpistas quando e onde vai atacar”, disse Musah.
Paris reagiu hoje à denúncia dos acordos de cooperação militar pela junta governante, e referiu que somente “as autoridades legítimas” do Níger estavam em condições de os romper, sem legitimar o termo dos acordos.
Retiradas em marcha
Um voo militar espanhol aterrou esta sexta-feira em Madrid com 74 pessoas retiradas do Níger. O avião trazia “cidadãos de França, Bélgica, Países Baixos, Roménia, Itália e outros 12 países não pertencentes à União Europeia”, informou o chefe da diplomacia espanhola, José Manuel Albares.
Segundo o jornal “Die Welt”, um avião militar alemão aterrou hoje na Baixa Saxónia, tendo transportado cerca de 30 pessoas oriundas do Sahel, a maioria membros das Forças Armadas alemãs.