Os moradores de Kiev têm um truque para desmascarar "sabotadores", os infiltrados russos que atuam dentro do país para ajudar a Rússia. Basta uma palavra.
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"Palyanytsa" é a palavra-chave que pode distinguir um ucraniano e um russo. Os moradores de Kiev obrigam os suspeitos a pronunciar a palavra - que é o nome de um pão tradicional ucraniano - que nenhum russo consegue dizer corretamente. A armadilha da palavra "palyanytsa", que em russo significa morango, nunca falha e é tão antiga quanto as guerras soviéticas.
Nos postos de controlo administrados por voluntários armados, o método também tem a versão moderna, segundo a AFP. Pasha, um taxista de Kiev, inventou a sua própria armadilha: começa a cantar o sucesso recente ucraniano "Oleinïi, Oleinïi" e "espera para ver se a outra pessoa consegue continuar".
A população afirma que teme os ataques das forças russas que, segundo moradores, esperam na floresta e atacam civis. "São pessoas que se parecem com as daqui, mas que começam a disparar contra os moradores", explica Andrïi Levanchouk, funcionário de um banco local.
Durante a noite, os sabotadores espalham minas e marcam os telhados de alguns edifícios para serem bombardeados mais tarde.
Infiltrados na Ucrânia já antes da guerra
Destacado para conter as infiltrações, Viktor Chelovan, colaborador do ministro do Interior ucraniano e comandante da unidade de forças especiais "Lance", garantiu à AFP que a população "faz acusações" e lida com os sabotadores". Alguns grupos de "sabotadores" são formados por "forças operacionais especiais russas que tentam desestabilizar a vida quotidiana nas nossas vilas e cidades, assim como nas bases militares".
Segundo Chelovan, há células dos serviços especiais russos e do GRU (inteligência militar) "já implantados aqui antes da guerra e responsáveis por ajudar a preparar a invasão". Outro grupo é formado, segundo o comandante ucraniano, por "agentes de inteligência cujo único objetivo é matar diversas autoridades ucranianas".
O próprio conselheiro de Segurança Nacional, Oleksiy Danilov, tinha dito, antes da invasão, em declarações ao "Wall Street Journal" que "a rede de espionagem russa foi instalada há vários anos. Ainda não a eliminámos, há muito trabalho por fazer".