Amnistia Internacional dá conta de que, em 2020, foram concretizadas 483 penas de morte, em 18 países. China continua a ser a nação que mais utiliza o método.
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Em 2020, registou-se o número mais baixo de execuções dos últimos dez anos, uma tendência de decréscimo que se tem mantido desde 2015. A Amnistia Internacional (AI) contabilizou 483 execuções em 18 países, uma diminuição de 26% face a 2019 (657). O número de sentenças de morte conhecidas em todo o Mundo também diminuiu, em 36%. Em "segredo", porque não disponibiliza dados, a China continua a ser o país que mais aplica a pena capital.
A pandemia de covid-19 contribuiu, em parte, para a redução do número de execuções e de sentenças de pena de morte, uma vez que os "países têm estado concentrados em proteger vidas de um vírus mortal". Todavia, não foi o suficiente. Em alguns países, aquele número chegou mesmo a aumentar, admite a AI, no seu relatório anual.
"A queda significativa está ligada a reduções importantes" no Iraque e na Arábia Saudita, nações que, "historicamente, registavam altos números de execuções".
Nas cifras, não estão incluídos "os milhares de pessoas que foram executadas" na China, onde os números relativos a esta prática continuam a ser "segredo de Estado", sublinha a organização de defesa dos direitos humanos. Além disso, Pequim utilizou a pena de morte "para reprimir crimes que afetassem os esforços de prevenção da covid-19".
Segundo o relatório, 88% de todas as execuções ocorreram em apenas quatro países: Egito, Irão, Iraque e Arábia Saudita. Os piores cenários registaram-se no Irão - que executou mais de 246 pessoas - e no Egito, onde o número de execuções mais do que triplicou, passando das 32 em 2019 para 107 em 2020.
eua são exceção
No Egito, pelo menos 23 dos executados foram condenados à morte em casos relacionados com violência política, após julgamentos "injustos marcados por "confissões" forçadas e violações graves dos direitos humanos", nota a AI.
Pelo 12.o ano consecutivo, os EUA foram o único país das Américas a levar a cabo execuções. Em julho, ao fim de 17 anos, o Governo do ex-presidente Donald Trump realizou a primeira execução federal, tendo aplicado a pena a um total de dez prisioneiros. Outras sete pessoas, em cinco estados, foram executadas.
Já Índia, Omã, Qatar e Taiwan retomaram as execuções em 2020, depois de vários anos sem qualquer registo.
Melhores notícias chegaram da Arábia Saudita - que passou de 184 execuções em 2019 para 27 em 2020- e do Iraque, que desceu de 100 em 2019 para 45 em 2020.
AO PORMENOR
Américas
Os Estados Unidos foram o único país a realizar execuções na região. Em 2020, foram executadas 17 pessoas. O número de sentenças de morte no país fixou-se nas 18, um pouco mais de metade das de 2019 (35).
Ásia-Pacífico
Bangladesh, China, Coreia do Norte, Índia, Taiwan e Vietname levaram a cabo execuções em 2020. O número de sentenças de morte (517) caiu para mais de metade em comparação com 2019. Japão, Paquistão e Singapura não reportaram execuções pela primeira vez em vários anos.
Europa e Ásia Central
Embora a Bielorrússia continue a impor sentenças de morte, não houve execuções em 2020. O Cazaquistão, a Federação Russa e o Tajiquistão continuam a observar moratórias sobre as execuções.
Médio Oriente e Norte de África
As execuções caíram para 437 em 2020. A Amnistia Internacional registou execuções em oito países: Arábia Saudita, Egito, Iémen, Irão, Iraque, Omã, Qatar e Síria.
África Subsariana
As execuções registadas na região diminuíram 36%, de 25 em 2019 para 16 em 2020.