O governo paquistanês está a exigir o pagamento de 830 dólares como "taxa de saída" aos refugiados afegãos indocumentados que queiram abandonar o Paquistão para países terceiros, evitando a deportação para o Afeganistão.
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A imposição da caução, equivalene a 760 euros, surge após o ultimato que exige aos afegãos que procuraram refúgio no Paquistão, sem documentos, para abandonarem o país e regressarem ao Afeganistão, de onde fugiram por recearem o regime talibã.
De acordo com fontes diplomáticas, as autoridades paquistanesas estimam que mais de quatro milhões de refugiados afegãos, incluindo mais de um milhão de indocumentados, fugiram para o Paquistão nas últimas quatro décadas, impulsionados primeiro pela guerra contra a ex-União Soviética, nos anos 80, e depois da nova tomada de Cabul pelos talibãs, em 2021.
De acordo com as mesmas fontes, o montante é cobrado aos refugiados que contactam embaixadas de países terceiros, embora exclua os que são tratados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
O ACNUR está a trabalhar com o governo paquistanês para resolver o problema das "multas de saída", disse à agência de notícias espanhola EFE o porta-voz do organismo no Paquistão, Qaisar Afridi.
A agência de refugiados da ONU está a defender junto das autoridades que os refugiados sejam isentos destes requisitos. "O ACNUR entende que esta situação pode causar ansiedade entre aqueles que buscaram segurança no Paquistão e querem sair e recomeçar as suas vidas", disse o responsável.
"Compreendemos as dificuldades enfrentadas pelas famílias que foram arrancadas das casas onde viviam", acrescentou.
A EFE tentou obter mais pormenores sobre esta multa, mas até agora o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Paquistão não respondeu.
Numa conferência realizada esta semana, o Ministério dos Negócios Estrangeiros paquistanês referiu que a legislação nacional, tal como as leis de migração em vários países, aplicam multas e punições para as pessoas que ultrapassam o prazo dos vistos ou violam as leis de imigração.
"Qualquer coima que o Paquistão tenha imposto ou venha a impor estará de acordo com as nossas leis", disse Mumtaz Baloch, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
No entanto, a comunidade diplomática considera a taxa "um fardo" para os refugiados que fugiram e que precisam de apoio financeiro.
O governo paquistanês estima que cerca de 600 mil refugiados afegãos fugiram para o Paquistão desde os acontecimentos de 2021 no Afeganistão.