Paris homenageia Manuel Dias, vítima dos ataques terroristas que mataram 130 pessoas

Flores junto à placa com o nome do Manuel Dias
Foto: AFP
A placa que evoca a memória de Manuel Dias, o português que se tornou a primeira vítima mortal do massacre em Paris, a 13 de novembro em 2015, foi o ponto inicial das cerimónias desta quinta-feira, que assinalaram dez anos do atentado terrorista que mudou tudo na capital francesa.
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Os ataques começaram nas imediações do Stade de France, ao norte de Paris, onde a seleção da casa disputava um jogo amigável contra a Alemanha na presença do então presidente francês, François Hollande. Uma pessoa morreu na área do estádio: Manuel Dias.
La France se souvient. pic.twitter.com/FIF26UBo4g
- Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) November 13, 2025
"Falo hoje com imensa emoção, a de uma filha, uma mãe, um irmão, uma irmã, um amigo, alguém a quem um ente querido foi tirado. Desde 13 de novembro, existe um vazio que não pode ser preenchido. Uma ausência que pesa muito todas as manhãs e todas as noites, nos últimos 10 anos. Mas também existem memórias que nada pode apagar", afirmou, nesta manhã, a filha do português, Sophie Dias. "Dizem-nos para virar a página, dez anos depois, mas o vazio é imenso, o choque permanece e a incompreensão ainda reina. Gostaria de saber porquê, gostaria de compreender. Gostaria que estes ataques parassem. Infelizmente, somos impotentes".

Sophie Dias, filha de Manuel (Foto: AFP)
Manuel Colaço Dias, de 63 anos e natural da aldeia de Corte do Pinto, perto de Mértola, não deveria estar a trabalhar naquela noite, mas aceitou o transporte de três pessoas, que seguiam atrasadas para o jogo de futebol. Ao jornal "The Guardian", Michael Dias, filho do motorista, contou em 2015 que o pai estava reformado há três anos, mas que, de vez em quando, aceitava alguns trabalhos, porque gostava do contacto com as pessoas.
Dias deixou os clientes perto da principal e pouco depois, às 21.20 horas, do lado de fora do estádio, o primeiro terrorista fez-se explodir, matando Manuel. Tinha telefonado à mulher pouco antes, a dizer que ia tomar um café. Foi a última vez que falou com a família. Novas explosões seguiram-se às 21.30 horas e às 21.53 horas, causando ferimentos em 14 pessoas. O terror durou mais três horas noutros pontos da cidade.

"Passámos a noite toda acordados à espera de notícias, mas só na manhã seguinte, por volta das 8 horas, soubemos pelo Governo português que o meu pai tinha morrido no ataque. O Governo francês contactou-nos no domingo", disse Michael.
A segunda vítima portuguesa do ataque, Précilia Correia, de 35 anos, era filha de pai português e mãe francesa e morreu algum tempo depois, na sala de espetáculos Bataclan, onde assistia ao concerto dos Eagles od Death Metal.
