O líder da oposição e outras nove pessoas ficaram feridos, esta quinta-feira, quando uma centena de manifestantes irrompeu pelo parlamento da Macedónia para protestar contra a eleição do presidente do hemiciclo numa votação que consideraram injusta.
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Zoran Zaev, líder da oposição de esquerda, tinha o rosto ensanguentado, segundo a agência noticiosa francesa, AFP, no local quando se instalou o caos após a entrada na assembleia dos manifestantes, apoiantes do partido de direita VMRO-DPMNE do ex-primeiro-ministro Nikola Gruevski.
Entre os manifestantes que invadiram o edifício, empunhando bandeiras macedónias e entoando o hino nacional, havia pelo menos uma pessoa de rosto coberto, captada em imagens difundidas por uma estação televisiva local, TV Nova.
"Condeno os ataques contra os deputados em Skopje de forma veemente. A violência não deve ter lugar num parlamento", escreveu o Comissário Europeu para o Alargamento, Johannes Hahn, na sua conta da rede social Twitter.
Os apoiantes da direita protestam diariamente em Skopje desde as eleições legislativas antecipadas de dezembro, que não permitiram ao país sair da crise política em que mergulhou há dois anos.
Os manifestantes rejeitam a formação de um Governo de coligação entre os social-democratas (SDSM) de Zaev e os representantes da minoria albanesa que atentariam, segundo eles, contra a unidade nacional da Macedónia.
A direita rejeita nomeadamente a ideia de atribuição ao albanês do estatuto de língua oficial em todo o território.
A União Europeia e os Estados Unidos apelaram em vão ao Presidente, Gjorge Ivanov, de direita, para rever a sua decisão de recusar ao líder dos social-democratas (SDSM), Zoran Zaev, um mandato para formar com os partidos albaneses um governo de coligação com maioria parlamentar (67 em 120 deputados).
Os albaneses representam entre 20% e 25% da população do país de 2,1 milhões de habitantes.
Foi a tentativa dessa coligação em torno de Zaev de eleger um presidente do parlamento, o albanês Talat Xhaferi, que desencadeou a ira dos manifestantes.
Por seu lado, o primeiro-ministro exortou à calma.
A Macedónia está desde há dois anos num impasse político, nascido da divulgação de escutas ilegais que revelaram crimes de corrupção envolvendo as mais altas esferas do poder.
Os social-democratas acusam o líder da direita, Nikola Gruevski, então primeiro-ministro, de ter ordenado as escutas ilegais de milhares de membros da oposição, personalidades da hierarquia religiosa e figuras públicas.