
Donald Trump terá feito um ultimato a Nicolás Maduro, mas o presidente venezuelano recusou
Juan Barreto e Andrew Caballero-Reynolds / AFP
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou, no domingo, que conversou recentemente por telefone com o homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, que antes havia denunciado a preparação de uma "agressão" por parte de Washington. O chefe da Casa Branca terá feito um ultimato a Maduro e uma proposta para este renunciar ao poder.
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"Não diria que foi boa nem má. Foi uma chamada telefónica", resumiu ontem o presidente norte-americano, quando questionado por jornalistas sobre o telefonema com Maduro, que terá ocorrido a 21 de novembro, avançou inicialmente o "The New York Times". Segundo o jornal norte-americano, Trump terá feito um ultimato ao homólogo venezuelano para que este renunciasse ao poder, mas Maduro recusou, exigindo uma "amnistia global" para si e para os seus aliados.
De acordo com o "Miami Herald", o presidente dos EUA enviou uma "mensagem direta" ao sul-americano: se Maduro renunciasse ao poder imediatamente, seria garantida segurança para si, para a sua mulher e para o seu filho, mas o líder venezuelano terá recusado.
O senador dos EUA Markwayne Mullin confirmou que Washington propôs ao presidente venezuelano deixar o país. "Demos a Maduro a oportunidade de sair. Dissemos que poderia ir para a Rússia ou outro país", declarou o republicano à CNN.
Combate ao tráfico de droga no centro do despique
Washington acusa Maduro de liderar um cartel de drogas e mantém, desde agosto, uma operação contra narcotraficantes nas Caraíbas. Entre as forças mobilizadas pelos EUA, está o maior porta-aviões do mundo. Maduro alega que Trump está a usar o combate ao tráfico de droga como pretexto para derrubar o poder em Caracas e assegura que a Venezuela é um país "indestrutível, intocável, invencível".
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Segundo uma carta de Maduro divulgada no domingo, a Venezuela pediu ajuda à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) para deter a "agressão" dos Estados Unidos.
"Espero contar com os seus melhores esforços para deter esta agressão, que acontece com cada vez mais força e ameaça seriamente os equilíbrios do mercado energético internacional", lê-se na missiva do presidente venezuelano, que acusa Washington de querer derrubar o Governo venezuelano e assumir o controlo das reservas de petróleo do país. Uma ação militar "coloca em grave perigo a estabilidade da produção de petróleo venezuelana e o mercado mundial", acrescenta a carta.
Embora Trump não tenha ameaçado publicamente atacar Maduro, o presidente norte-americano afirmou, nos últimos dias, que os esforços para parar o narcotráfico venezuelano "por terra" começariam "muito em breve".
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No sábado, Trump advertiu que o espaço aéreo da Venezuela devia ser considerado "fechado na totalidade", uma semana após Washington ter emitido um alerta aéreo que pedia às companhias aéreas que adotassem precauções devido ao aumento da atividade militar na região.
A Venezuela revogou as licenças operacionais de seis companhias aéreas que suspenderam os voos, incluindo a TAP, e considerou os comentários de Trump uma "ameaça colonialista que pretende afetar a soberania do espaço aéreo".
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A advertência provocou a suspensão de um programa de voos especiais de repatriação para venezuelanos deportados dos EUA. No entanto, Caracas anunciou uma operação especial "para o retorno dos venezuelanos retidos noutros países", além de "facilitar os itinerários de saída" para aqueles que precisem de sair do país.
"Crime de guerra"
Os EUA já atacaram quase 20 embarcações suspeitas de narcotráfico nas Caraíbas e no Pacífico desde o início de setembro, com um balanço de pelo menos 83 mortes, sem apresentar provas para as acusações de crime.
Jorge Rodríguez, presidente do Parlamento venezuelano, mencionou um artigo do "Washington Post" que informa que o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, ordenou, durante um dos bombardeamentos na região, que todos os passageiros de uma embarcação visada fossem eliminados, levando a um segundo ataque. Rodríguez acusou tratar-se de um "crime de guerra".
No domingo, Trump admitiu que pretende investigar o ocorrido, mas expressou confiança na versão do chefe do Pentágono. "Não sei nada sobre isso. Ele [Pete Hegseth] diz que não disse aquilo e eu acredito nele", acrescentou.

