Pelo menos 13 pessoas morreram no Camboja devido aos confrontos com a Tailândia, de acordo com um novo balanço divulgado, este sábado, pelo Ministério da Defesa cambojano, que eleva o número de vítimas mortais para 32.
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A porta-voz do ministério, Maly Socheata, disse que morreram cinco soldados e oito civis, e que mais de 35 mil pessoas foram forçadas a fugir das suas casas em áreas próximas da fronteira com a Tailândia.
De acordo com a mais recente atualização, divulgada na sexta-feira, a Tailândia contabilizou 18 mortos (13 civis e cinco soldados) e mais de 138 mil deslocados.
O Ministério da Saúde tailandês informou que mais de 58 mil pessoas fugiram de aldeias para abrigos temporários em quatro províncias fronteiriças afetadas.
Também na sexta-feira, o Camboja apelou a um cessar-fogo imediato e incondicional com a Tailândia, numa reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre os confrontos entre os dois países vizinhos.
Os governos da Tailândia e do Camboja estavam a avaliar um cessar-fogo proposto pela Malásia, enquanto os exércitos dos dois países prosseguiam confrontos pelo segundo dia consecutivo em vários pontos da fronteira comum.
O Conselho de Segurança, adiantou Chhea Keo, embaixador do Camboja na ONU, "exortou ambas as partes a exercerem contenção, máxima contenção e uma solução diplomática”.
Tailândia insiste em solução pacífica
A Tailândia insistiu numa solução pacífica para o conflito fronteiriço com o Camboja, enquanto os ataques entre os dois países, com disputas territoriais históricas, continuam pelo terceiro dia, causando 32 mortos, dezenas de feridos e milhares de desalojados.
“A Tailândia reafirma o seu compromisso de resolver as disputas por meios pacíficos, de acordo com os princípios do direito internacional”, disse em conferência de imprensa o ministro das Relações Exteriores, Maris Sangiampongsa, instando o Camboja a “retomar o processo de negociação bilateral”.
As forças cambojanas iniciaram um novo ataque às 5.10, hora local (23.10 horas de sexta-feira em Portugal continental), segundo as forças navais tailandesas, que “conseguiram repelir a incursão” e lançaram uma nova operação na província fronteiriça de Trat, no Golfo da Tailândia.
As hostilidades, até agora concentradas em vários pontos das províncias de Surin, Sisaket, Ubon Ratchathani e Buriram, estenderam-se entretanto ao longo da fronteira em direção ao sul.
A disputa fronteiriça entre estes dois países do Sudeste Asiático gerou, nos últimos dias, um nível de violência que não se via desde 2011, envolvendo caças, tanques, tropas terrestres e fogo de artilharia.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros tailandês disse que “concorda, em princípio” com a proposta de cessar-fogo apresentada pelo primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim.
Por seu lado, o primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, acusou a Tailândia de violar o cessar-fogo.
Após quase dois meses de tensão, os confrontos entre os exércitos dos dois países eclodiram na manhã de quinta-feira e intensificaram-se rapidamente. Ambos os lados acusam-se mutuamente de terem iniciado a violência.
Os combates alastraram-se já a 12 pontos da fronteira entre os dois países.
O Comando de Defesa Fronteiriça das províncias orientais tailandesas de Chanthaburi e Trat, que fazem fronteira com o Camboja, declarou a lei marcial em oito distritos da região para facilitar o movimento de tropas, polícias e civis e “proteger a nação desta ameaça externa”.
A tensão territorial entre os dois países vizinhos do sudeste asiático tem sido geralmente gerida por via diplomática, embora entre 2008 e 2011 confrontos militares bilaterais junto ao templo hindu de Preah Vihear tenham causado cerca de 30 mortos.