Nas últimas semanas, Justine Sherry tem sido inundada por mensagens com apelos ao voto. A professora de Computação na Universidade de Carnegie Mellon (CMU), que nasceu em Seattle e viveu em Washington e na Califórnia, não estava habituada a tamanha intensidade na caça ao voto.
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A residir em Pittsburgh, na Pensilvânia, Justine sente que todos os votos contam e até parecem valer mais num estado que tem 19 votos no colégio eleitoral e pode decidir o vencedor no escrutínio de 5 de novembro. Não será por acaso que Donald Trump e o seu candidato a vice-presidente, JD Vance, estiveram este fim de semana na Pensilvânia em dois eventos distintos e ainda voltam antes da votação, enquanto Kamala Harris marca também forte presença no estado-chave. Tem sido um “processo muito stressante”, admite Justine Sherry, que se surpreende por muitos ainda não terem feito a sua escolha. “Todo o país está olhando para nós”, afirma, à margem de uma aula de doutoramento com alguns alunos do programa CMU Portugal, que promove o intercâmbio entre estudantes dos dois países.
Sinais de apoio
“Ainda há imensa incerteza no voto entre os dois candidatos, confirma Duarte Sousa, aluno de doutoramento na interação pessoa-máquina, com destaque para a relação entre a inteligência artificial e a educação. Os eleitores votam muito no partido, o designado “jersey vote” (voto pela camisola), o que leva ao “acirrar de posições”, explica.
A completar um ano de estudo na CMU, Duarte Sousa ficou impressionado com uma imagem, pouco depois de ter chegado a Pittsburgh: um carro, que passava no campus da universidade, reclamando a vitória de Donald Trump, nas eleições de 2020. Mais recentemente, reparou num rapaz com um boné vermelho MAGA (Make America Great Again, palavra de ordem de Trump. Na realidade, “basta sair um pouco do centro de Pittsburgh” para encontrar sinais de apoio ao antigo presidente que alimentam a teoria da “big lie” (a grande mentira).
Outro estudante de doutoramento na CMU, Hugo Sadoque, fala numa “bolha azul” em Pittsburgh, que dá lugar aos republicanos nos condados mais distantes dos centros urbanos.
Certo é que num estado bombardeado pela campanha, já se sonha com o fim de uma longa maratona. “O processo dura imenso e as pessoas estão cansadas. Querem que as eleições aconteçam, para voltar às suas vidas e ter discussões sobre coisas inúteis”, afirma Duarte Sousa.
Sem arriscar prognósticos, Justine Sherry resume simplesmente “a Pensilvânia está no meio de tudo”, enquanto Hugo Sadoque vaticina que “o Mundo vai mudar”, se Donald Trump vencer as eleições. E se ganhar Kamala Harris? “Vai mudar um pouco menos”.
Os eleitores norte-americanos decidem a 5 de novembro.