O secretário norte-americano da Defesa, Pete Hegseth, retratou as forças armadas dos EUA, nesta terça-feira, como muito gordas, muito focadas em ideias esquerdistas "woke" e afirmou que precisam de uma grande mudança, com ênfase em homens "combatentes de guerra". Afirmou que as "regras de combate" são coisa do passado.
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O discurso, proferido perante um auditório com centenas de generais e almirantes de todo o mundo, convocados à pressa para a Virgínia, apresentou um plano para pôr fim ao que o antigo apresentador da Fox News afirma terem sido "décadas de decadência".
Atravessando o palco em frente a uma bandeira americana gigante semelhante ao seu lenço de bolso, Hegseth atacou as "regras de combate estúpidas" no campo de batalha e as "tropas gordas" em casa, apelando a que os militares se inspirassem nos padrões de 1990.
Afirmou querer um exército centrado na letalidade e não na diversidade racial ou de género, acabando com aquilo disse ser "andar sobre cascas de ovos", por receio de queixas sobre o seu comportamento.
"Este discurso pretende corrigir décadas de decadência, algumas delas óbvias, outras ocultas", disse Hegseth às centenas de oficiais superiores reunidos para este encontro altamente invulgar.
"Líderes políticos insensatos e imprudentes definiram o rumo errado da bússola, e nós perdemos o nosso caminho. Tornámo-nos o "Departamento dos Woke". Mas já não é assim", afirmou.
Hegseth delineou várias das mudanças que pretende efetuar como parte dos seus esforços para remodelar as forças armadas, recapitulando alguns anúncios anteriores.
Apelou a uma aplicação rigorosa das normas de preparação - que inclui um limite máximo de um ano para as isenções de barba, que são desproporcionadamente utilizadas pelos tropas negros - bem como à aplicação da atual norma de aptidão física masculina mais elevada a todas as forças de combate.
"As normas devem ser uniformes, neutras em termos de género e elevadas - se não forem, não são normas. São apenas sugestões, sugestões que levam à morte dos nossos filhos e filhas", disse Hegseth.
Criticou as tropas fora de forma, dizendo: "É cansativo olhar para as formações de combate, ou mesmo para qualquer formação, e ver tropas gordos. Da mesma forma, é completamente inaceitável ver generais e almirantes gordos nos corredores do Pentágono".
"Caçar e matar"
Hegseth também disse que iria instituir o que chamou de "política de não andar mais sobre cascas de ovos", o que implica "não mais queixas frívolas, não mais queixas anónimas, não mais queixas repetidas, não mais manchar reputações".
Criticou especificamente o inspetor-geral do Pentágono - que lançou uma investigação sobre o seu uso da aplicação civil de mensagens Signal para informações confidenciais este ano - dizendo que o gabinete foi "transformado em arma" e será revisto.
Hegseth disse que as regras estritas sobre quando a força pode ser usada - medidas que visam evitar que civis sejam mortos - são coisa do passado. "Desatamos as mãos dos nossos combatentes de guerra para intimidar, desmoralizar, caçar e matar os inimigos do nosso país. Acabaram-se as regras de combate politicamente corretas e prepotentes, apenas o bom senso, a máxima letalidade e a autoridade dos combatentes", afirmou.
Esta abordagem foi recentemente demonstrada nas Caraíbas, onde os militares dos EUA mataram mais de uma dúzia de pessoas em ataques a alegados traficantes de droga que viajavam em barcos.
A administração de Trump ainda não divulgou publicamente provas que sustentem as suas alegações de que os visados eram contrabandistas ou que representavam um perigo imediato para os Estados Unidos. Hegseth advertiu que quem não concordar deve demitir-se.
"Se as palavras que estou a dizer hoje estão a fazer o vosso coração afundar, então devem fazer a coisa honrada e demitir-se", disse aos oficiais.
A administração de Trump já expurgou uma série de oficiais de topo este ano, incluindo o presidente do Estado-Maior Conjunto, general Charles "CQ" Brown, que foi demitido sem explicação em fevereiro, bem como os chefes da Marinha e da Guarda Costeira.