A China acusou, esta quarta-feira, os Estados Unidos de utilizarem as Filipinas como "peão" no Mar do Sul da China, na sequência de vários incidentes registados nas últimas semanas em torno de ilhotas disputadas pelos dois países asiáticos.
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"A China aconselha os Estados Unidos a não utilizarem as Filipinas como um peão para gerar agitação no Mar do Sul da China”, disse a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, em conferência de imprensa. “As Filipinas não devem deixar-se manipular pelos Estados Unidos", afirmou.
A guarda costeira filipina acusou os seus homólogos chineses de terem colidido com duas das suas embarcações na terça-feira e ferido quatro dos seus efetivos com canhões de água, à margem de uma missão de reabastecimento.
O choque ocorreu perto do recife disputado Second Thomas, palco habitual de incidentes. As Filipinas declararam ter convocado o representante chinês em Manila e informaram-no de que consideravam "inaceitáveis" estas "ações agressivas".
Pequim acusou as forças filipinas, regularmente apoiadas por Washington, de terem abalroado "deliberadamente" um navio chinês para provocar um incidente após a sua "intrusão" na zona.
Os Estados Unidos apoiaram as Filipinas após o último incidente no mar, acusando nomeadamente a guarda costeira chinesa de efetuar manobras perigosas.
A China reivindica a quase totalidade das ilhas do Mar do Sul da China. Outros países vizinhos, como o Vietname, as Filipinas, a Malásia e o Brunei, têm reivindicações concorrentes. As Filipinas concluíram já acordos militares com os Estados Unidos e a Austrália.
A China acusa regularmente os Estados Unidos de apoiarem nações com reivindicações territoriais que rivalizam com as suas, a fim de contrariar a sua ascensão regional.
Os líderes dos países do Sudeste Asiático (Asean) e da Austrália advertiram contra "qualquer ação unilateral que ameace a paz, a segurança e a estabilidade na região".
Lei das Zonas Marítimas das Filipinas é "ilegal e prejudicial"
A China manifestou forte oposição à aprovação pelo Senado das Filipinas da Lei das Zonas Marítimas, classificando-a de "ilegal e prejudicial" para a estabilidade regional. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, afirmou que a lei "viola gravemente a soberania territorial e os direitos e interesses marítimos da China no mar do Sul da China".
Mao disse que a lei filipina "tenta impor ainda mais a sentença arbitral ilegal" sobre o mar do Sul da China, emitida em 2016, que Pequim "não aceita nem reconhece".
A porta-voz chinesa sublinhou que a China tem "soberania sobre os arquipélagos de Nansha Qundao (também conhecido como Ilhas Spratly) e Zhongsha Qundao, incluindo a ilha Huangyan Dao (Atol de Scarborough), e as suas águas adjacentes".
Criticou também a "ocupação ilegal" pelas Filipinas de várias ilhotas e recifes no arquipélago das Spratly e a criação do chamado "Grupo das Ilhas Kalayaan" como uma violação da soberania territorial da China.
Mao instou as Filipinas a "respeitar a soberania territorial e os direitos marítimos" da China e a "resolver os litígios através de negociações e consultas", para manter a paz e a estabilidade no mar do Sul da China.
O mar do Sul da China tem sido palco de numerosos incidentes entre a China e as Filipinas. Na terça-feira, Mao Ning descreveu como "necessárias, profissionais e razoáveis" as ações da guarda costeira chinesa durante um incidente que envolveu um embate entre navios chineses e filipinos numa zona disputada entre Pequim e Manila no mar do Sul da China.
De acordo com as autoridades filipinas, o embate ocorreu quando três navios da guarda costeira filipina foram enviados para ajudar a abastecer as forças armadas do país insular.
No final de fevereiro, Manila acusou a guarda costeira chinesa de ter bloqueado a passagem de um dos seus navios quando este transportava combustível para os pescadores.