Piloto do avião desaparecido apagou ficheiros do simulador de voo que tinha em casa
A análise do simulador do voo encontrado pelas autoridades em casa do piloto do Boeing 777 da Malaysia Airlines desaparecido mostrou que houve ficheiros apagados, anunciou, esta quarta-feita, a Malásia. Desesperados, os familiares dos passageiros invadiram a conferência de imprensa desta manhã.
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"Os ficheiros foram apagados do simulador e os especialistas têm agora de recuperá-los", disse aos jornalistas Hishammuddin Hussein, ministro malaio dos Transportes e da Defesa.
Ao 11.º dia após o desaparecimento do voo MH370, com 239 pessoas a bordo, a investigação concentra-se, agora, no piloto e no simulador de voo.
A alteração da rota e a aparente desativação dos sistemas de comunicação do avião colocaram o piloto no centro das atenções dos investigadores, ainda que especialistas citados pela France Presse tenham explicado não ser incomum que pilotos comerciais tenham simuladores de voo em casa.
A investigação oficial não reuniu qualquer outra informação significativa junto dos países que verificaram os registos dos radares, informou, ainda, o governante malaio.
Autoridades das Maldivas consideram um rumor os testemunhos de pessoas que dizem ter visto avião de grande porte a muito baixa altitude, no dia 8 de março. "Os radares militares do país não revelaram qualquer rasto do voo MH370", esclarecem, em comunicado, as Forças Armadas das Maldivas.
Os dados dos radares civis dos aeroportos do país foram igualmente "analisados" e não mostram "qualquer indicação do voo".
Famílias desesperadas
Os familiares dos passageiros que seguiam a bordo do avião desesperam a cada dia que passa, sem mais informações concretas sobre o paradeiro do aparelho.
Esta quarta-feira, familiares dos passageiros chineses invadiram a sala de imprensa, interrompendo as declarações do ministro malaio aos jornalistas. "Dizem-nos coisas diferentes todos os dias. Onde está o avião? Não podemos mais", gritou, desesperada, uma mulher.
Operação de difícil coordenação
Só esta quarta-feira se ficou a saber que radares militares da Tailândia detetaram, na noite de 8 de março, sinais de um aparelho não identificado logo após o desaparecimento do avião da Malaysia Airlines dos radares. As autoridades tailandesas dizem que não falaram mais cedo porque não lhes foi perguntado especificamente.
Também a Malásia admitiu, dois dias após o desaparecimento do aparelho, que os radares militares identificaram o avião, mas que não tomaram nenhuma medida porque o mesmo não parecia "hostil".
Uma falha com consequências potencialmente graves, uma vez que não foram encontrados destroços do avião e que a caixa negra do aparelho tem apenas autonomia para 30 dias em "stand-by".
No terreno, investigadores, interesses adversos e uma coordenação caótica dificultam a operação que mobiliza 26 países, numa região marcada por constantes tensões geopolíticas.
A China disputa com os países vizinhos a vigilância do mar da china meridional, enquanto os Estados Unidos têm na Ásia-Pacífico o "pivot" da sua geoestratégia.
As primeiras investigações após o desaparecimento do Boeing pautaram-se por uma série de informações contraditórias.
Ainda que a operação de busca tenha sido lançada logo no dia em que o avião desapareceu e tenha sido centrada na trajetória do aparelho, entre a Malásia e o Vietname, a Malásia anunciou, no dia seguinte, que o Boeing provavelmente mudou a rota para oeste, cerca de uma hora após o início da viagem.
Esta teoria foi confirmada e as operações de busca reorientadas. Decorrem, agora, num eixo norte-sul, da Ásia Central ao sul do oceano Índico, num raio de mais de 2,2 milhões de quilómetros quadrados equivalente a uma área mais vasta que a Austrália.