De Pio a Clemente, de Hilário a Simplício, os nomes papais estão ligados aos legados ​​dos homens que governaram o Vaticano. O cardeal eleito para suceder ao Papa Francisco será anunciado ao Mundo com o seu nome papal em latim. Com tanto peso dado ao significado do nome papal, os cardeais devem escolher sabiamente.
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De Pio a Clemente, de Hilário a Simplício, os nomes papais estão ligados aos legados dos homens que governaram o Vaticano. O cardeal eleito para suceder ao Papa Francisco será anunciado ao Mundo com o seu nome papal em latim. Com tanto peso dado ao significado do nome papal, os cardeais devem escolher sabiamente.
A tradição de escolher um novo nome remonta ao século VI, quando um padre, Mercúrio, foi eleito, mas sentiu que não podia manter o seu nome pagão. Trocou-o por João, argumentando que se Cristo rebatizou Simão, o primeiro Papa, como Pedro, outros Papas poderiam fazer o mesmo. Desde então, apenas um, Adriano VI, no século XVI, manteve o seu nome de batismo.
Em 2013, o argentino Jorge Bergoglio tornou-se o primeiro Papa a adotar o nome Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis, um frade do século XIII que renunciou à sua riqueza e dedicou a sua vida aos pobres.
As casas de apostas apostavam que se chamaria Leo, que significa "leão".
Nomes que podem causar controvérsia
Enquanto alguns nomes estão associados à paz ou ao brilhantismo teológico, outros têm conotações mais controversas. Não houve nenhum Papa chamado Celestino desde que o nome foi adotado em 1294 por um eremita, eleito contra a sua vontade e que renunciou ao cargo ao fim de cinco meses. Foi imortalizado pelo poeta italiano Dante, que o colocou no Inferno pela sua "grande recusa".
O antecessor de Francisco, Bento XVI, também renunciou, pelo que optar por Bento XVII ou Celestino VI pode gerar especulações sobre uma eventual renúncia.
"Papa de Hitler", necromancia e orgias
Embora os Papas dos primeiros séculos tivessem um leque diversificado de nomes, desde Zacarias a Adeodato ou Vítor, a partir do século XVI têm circulado os mesmos nomes: Clemente, Gregório, Pio, Paulo e Bento.
João Paulo I foi o primeiro, em 1978, a unir dois nomes papais, para homenagear aqueles que lideraram a Igreja Católica Romana durante o Concílio Vaticano II, e João Paulo II manteve a homenagem quando o seu antecessor morreu após apenas 33 dias como Papa.
Aqueles que aspiram a imitar a liderança carismática de Francisco podem chamar-se João Paulo III — ou mesmo apenas João, em homenagem ao "Bom Papa João" XXIII, que convocou o Concílio Vaticano II e declarou que a sua missão era abrir a Igreja ao Mundo.
Embora o nome Pio possa parecer, à partida, ter as conotações corretas, o último Papa com este nome, Pio XII, foi apelidado "Papa de Hitler" pelos seus detratores devido ao que diziam ser o seu silêncio durante o Holocausto na II Guerra Mundial.
Gregório e Alexandre também têm associações infelizes: Gregório VII, eleito em 1073, foi acusado de necromancia (prática de magia que pretende comunicar com os mortos) e de usar uma cama de pregos para torturar aqueles que o contrariavam. Já Alexandre VI, membro da abastada família Bórgia, era famoso por promover orgias no interior do palácio papal.
Um dos Papas mais bizarros de sempre foi Estêvão VII, do século IX, que desprezava de tal forma o seu antecessor, Formoso, que mandou desenterrar o seu corpo em decomposição, vesti-lo com vestes papais e levá-lo a julgamento por ocupar o papado ilegalmente. Formoso foi considerado culpado, os dedos que usava para dar bênçãos foram cortados e o seu corpo atirado ao rio Tibre, um fim ingrato que torna improvável que alguém escolha o nome Formoso II, independentemente de o julgamento ter sido justo ou não.
Nomes proibidos?
Seria um homem corajoso aquele que se auto-intitulasse Pedro II. O nome é considerado proibido como forma de respeito para com o primeiro Papa da Igreja. Além disso, de acordo com uma profecia atribuída a um santo do século XII, o próximo pontificado de Pedro trará a destruição de Roma e dará início ao Apocalipse.