Continua o drama em alto mar: de um lado piratas somalis com um refém americano, do outro navios bélicos dos EUA. Haverá negociação ou confronto? Outros piratas já zarpam para a zona do Oceano Índico, solidários com os colegas.
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Os piratas somalis que mantêm um refém norte-americano num barco salva-vidas no Oceano Índico pediram dois milhões de dólares pelo resgate. O refém é Richard Phillips, capitão americano do navio Maersk Alabama, cargueiro de 17 toneladas que transportava comida para Mombasa, no Quénia, e que os piratas conseguiram sequestrar durante algumas horas na quarta-feira (a tripulação, de 20 homens, conseguiu recuperar controle do Alabama; os piratas fugiram levando consigo o capitão, pelo qual pedem agora dois milhões).
O pirata que anunciou o resgate à Reuters, chamado Badow, fez saber que outros piratas da Somália estão a dirigir-se para aquele local no Índico em sinal de solidariedade - e para servirem de concreta protecção contra os vasos de guerra americanos que patrulham a zona.
O grupo de piratas que retém o capitão americano está à deriva (o bote ficou sem combustível), mas continua a desafiar as embarcações da Marinha dos EUA, nomeadamente o 'destroyer' USS Bainbridge, o imponente vaso de guerra que os segue desde quarta.
Não temos medo dos americanos", disse o pirata Badow. "Saberemos defender-nos se nos atacarem". Apesar da declaração, os grupos marítimos que acompanham a saga - é a primeira vez que piratas somalis capturam um norte-americano - dizem que o desfecho mais provável é uma solução negociada, possivelmente um salvo-conduto, e eventualmente dinheiro, em troca do refém.
Mas a situação pode complicar-se: os outros piratas que se dirigem para a zona viajam em barcos sequestrados, alguns deles com reféns ainda a bordo. É o caso do cargueiro alemão Hansa Stavanger: 24 tripulantes; capturado há uma semana a 400 milhas da costa somali, entre o Quénia e as Seicheles.
A pirataria continua a ser um grande negócio na Somália, país africano sem governo funcional desde 1991. Em 2008, 80 milhões de dólares foram pagos em resgates. Só este ano já houve 60 ataques na costa somali - e 16 barcos continuam sequestrados.