José Ramos-Horta, presidente de Timor-Leste, sublinha que o povo timorense "não pode ficar refém da dor", no dia em que se assinalam 18 anos do massacre no cemitério de Santa Cruz.
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Ramos-Horta falava na cerimónia evocativa do 18º aniversário do massacre de Santa Cruz, perante milhares de pessoas que se aglomeraram frente ao cemitério, em que também intervieram o presidente do Parlamento, Fernando "La Sama" de Araújo, e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão.
O presidente da República enalteceu a "coragem do povo e, sobretudo, da juventude na luta" pela libertação e apelou ao perdão, para, "com maturidade, ultrapassar a sede de vingança".
"Perdoar não significa esquecer, significa resistir a sermos reféns da dor que nos consome a vida", afirmou José Ramos-Horta.
"O Povo Timorense tem toda a capacidade para a reconciliação, através do perdão", insistiu, lembrando que, "como prova, está o facto de jamais algum dos milhares de indonésios que ficaram a viver no novo país ter sido agredido, ferido ou morto em actos de represália".
Durante o seu discurso, o Chefe de Estado referiu-se à necessidade de compensações económicas para as vítimas do massacre do Cemitério de Santa Cruz, em que centenas de timorenses foram mortos por militares indonésios a 12 de Novembro de 1991.
"O Estado tem a obrigação de cuidar das vítimas do 12 de Novembro", declarou o presidente da República, afirmando ser "um imperativo moral pagar compensações aos que ficaram portadores de deficiência ou traumatizados para toda a vida por causa do que sofreram, aos órfãos e às viúvas dos que perderam a vida".
Ramos-Horta aproveitou para anunciar que, em 2010, será lançado um concurso nacional, aberto a todos os criativos dos 13 distritos, "para a concepção do Monumento 12 de Novembro, a implantar num Jardim da Paz".