
O investigador-chefe do homicídio de Reeva Steenkamp, namorada do atleta sul-africano Oscar Pistorius, revelou esta quarta-feira, na segunda sessão dedicada ao pedido de libertação do arguido sob fiança, que encontrou na sua residência, na noite do crime, várias munições ilegais.
Oscar Pistorius não possuía qualquer licença de porte de arma daquele calibre (.38 milímetros), sendo apenas legal a arma de calibre 9 mm utilizada para matar Reeva Steenkamp.
Esta descoberta acrescenta mais uma acusação ao processo contra o atleta paralímpico, acusado de homicídio premeditado, na sessão de terça-feira.
Hilton Botha, o detetive que chegou ao local logo após Reeva Steenkamp ter sido declarada morta pelos paramédicos, na madrugada de 14 de fevereiro, e que chefia a equipa de investigação, foi chamado pelo magistrado Desmond Nair para fazer uma descrição da cena do crime, em contraponto à declaração feita, na terça-feira, por Pistorius sobre os acontecimentos que levaram à morte da sua companheira.
O detetive está a fazer uma descrição detalhada da residência de Oscar Pistorius na fatídica noite de quarta para quinta-feira, logo após o tiroteio que vitimou a jovem modelo e advogada.
Antes do juiz interromper a sessão, a meio da manhã, o investigador explicou que na casa de banho onde a vítima teria sido baleada três vezes foram encontrados quatro telemóveis: dois "iphones" que não tinham sido usados naquela noite e outros dois "Blackberries" que "não eram usados há meses".
A ausência de registos telefónicos na noite do crime é um dos dados contraditórios da versão dos acontecimentos dada ontem por Pistorius, que afirmara ter telefonado aos serviços de emergência médica Netcare logo após o incidente.
Segundo o detetive Hilton Botha - que assistiu também à autópsia do corpo da vítima -, Reeva Steenkamp foi atingida por um projétil na anca direita, outro no ombro direito e um terceiro na cabeça, abaixo da orelha direita. Um quarto tiro atingiu uma parede da casa de banho onde a vítima se encontrava. Quatro cartuchos foram recolhidos no chão, disse.
O detetive referiu ainda que, no interior de um cofre, aberto por um serralheiro chamado pela polícia, na residência de Pistorius, foi encontrado um dispositivo de armazenamento de dados (uma "pen") contendo detalhes de contas bancárias off-shore e uma propriedade, alegadamente pertencente ao arguido, em Itália.
Em face destes elementos, o procurador Gerrie Nel recomendou ao tribunal que não autorize a libertação de Pistorius mediante o pagamento de caução, pois ele poderá fugir do país e a sua posterior extradição ser muito difícil.
O detetive refutou também a versão de Pistorius, segundo a qual o casal se tinha deitado cerca das 22.00 horas de 13 de fevereiro e adormecido logo em seguida, revelando ter recolhido testemunhos de vizinhos que ouviram gritos e uma discussão acalorada na residência de Oscar Pistorius entre as 02.00 horas e as 03.00 horas de 14 de fevereiro, imediatamente antes, portanto, do arguido ter disparado os tiros fatais.
