A Polícia Federal (PF) brasileira deverá recolher, nesta sexta-feira, o depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, que se demitiu na quarta-feira, na sequência da divulgação, pela CNN Brasil, de imagens do general na reserva Gonçalves Dias alegadamente ao lado de invasores do Palácio do Planalto, em 8 de janeiro, aquando dos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília.
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"A imprensa divulgou gravíssimas imagens que indicam a atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, inclusive com a ilícita e conveniente omissão de diversos agentes do GSI", justifica, no despacho que determina a inquirição em 48 horas, o ministro (juiz conselheiro) Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), que dirige o inquérito aos acontecimentos golpistas de janeiro.
Nas imagens, obtidas por câmaras do circuito interno, surge a circular entre os invasores o próprio ministro do GSI, um dos mais importantes lugares na hierarquia, por ser o responsável por coordenar a área do serviço de informações do Governo, cabendo-lhe por exemplo analisar o "potencial de risco" para a estabilidade institucional, assegurar a segurança do Presidente da República e prevenir crises.
Marco Edson Gonçalves Dias, agora com 73 anos, é general na reserva, é apontado pela imprensa brasileira como um homem da confiança pessoal do Presidente, que aceitou de imediato a sua demissão, tendo sido o responsável pela segurança de Lula da Silva nos dois mandatos anteriores.
Nas imagens, que se encontravam em segredo de justiça à guarda do inquérito aos acontecimentos, um dos elementos do SGI, com a patente de major, é visto a oferecer água a invasores do Palácio do Planalto, que foi alvo, recorde-se, de atos de vandalismo.
Interino já tinha assumido a defesa de Brasília
Em nota, o GSI assegurou que os vídeos mostram a atuação dos agentes de segurança para evacuar o quarto e o terceiro pisos do Palácio do Planalto, concentrando os invasores no segundo andar, onde, após a chegada de reforços do pelotão de choque da Polícia Militar do Distrito Federal, os golpistas foram presos, segundo a síntese da Agência Brasil.
"Quanto às afirmações de que agentes do GSI teriam colaborado com os invasores", o Gabinete afirma que "as condutas dos agentes públicos envolvidos estão a ser apuradas em sede de sindicância investigativa" instaurada no âmbito daquele ministério, e que, "se condutas irregulares forem comprovadas, os respetivos autores serão responsabilizados".
No despacho do Supremo Tribunal Federal, que também foi invadido e vandalizado, em 8 de janeiro, era pedido ao ministro interino do GSI, Ricardo Capelli, que identificasse todos os funcionários civis e militares que surgem nas imagens, uma tarefa que o novo responsável já tinha afirmado estar em curso.
O responsável interino pelo GSI, que é o secretário executivo do Ministério da Justiça, já tinha desempenhado um papel importante, ao assumir a intervenção na segurança pública do Distrito Federal de Brasília, imediatamente após os atos golpistas de janeiro, face à falta de atuação do responsável estadual.