Ministro brasileiro diz que ex-responsável pela segurança que se demitiu "é um homem de bem"
O ministro da Defesa do Brasil defendeu, esta sexta-feira, que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) não deve ser comandado por civis e disse que Marcos Edson Gonçalves Dias, o comandante que se demitiu, "é um homem de bem".
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"É um homem de bem, sério e bem-intencionado, um dos melhores amigos do Presidente da República, uma amizade construída num tempo de dificuldade", afirmou Múcio Ribeiro, em declarações num hotel em Lisboa, onde está instalada a comitiva que acompanha o Presidente do Brasil, que chegou a Lisboa para uma visita oficial de cinco dias.
Quanto ao GSI, quando questionado se deveria passar a ser comandado por um civil, o ministro respondeu: "Isso não me cabe a mim, cabe a quem está lá em cima".
"Mas eu acho que não se devia mexer nisso agora, não", salientou.
Estas declarações surgem dois dias depois do ministro-chefe do GSI da Presidência do Brasil ter renunciado ao cargo após a divulgação de imagens suas com manifestantes que invadiram a sede dos três poderes em 08 de janeiro.
A demissão de Marcos Edson Gonçalves Dias, um homem de confiança de Luiz Inácio Lula da Silva, foi imediatamente aceite.
O agora ex-ministro é visto, em imagens que a CNN Brasil teve acesso, inicialmente a caminhar pelos corredores do terceiro andar do Palácio do Planalto e a entrar no gabinete do chefe de Estado, mas também é visto ao lado de alguns dos manifestantes que invadiram o edifício, para os quais aparentemente aponta uma saída de emergência.
Numa outra imagem, um dos seus conselheiros é visto a falar com os invasores do palácio, saudando-os e até oferecendo-lhes uma garrafa de água.
Quanto ao papel das Forças Armadas brasileiras, que têm nas suas fileiras muitos apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, o ministro da Defesa afirmou: "Estão vendo e a gente não pode se meter nisso, porque não é da nossa roça".
O GSI, na opinião do ministro deve ter "um sistema misto, como sempre foi, e tem que se apaziguar" a crise, advogando: "Para poder tocar para a frente, porque a gente tem de olhar para a frente".
O GSI "tem que haver", defendeu, excluindo a possibilidade do fim daquele gabinete. "Porque é um instrumento de trabalho e de apoio do Presidente da República", frisou.
"Os nossos grandes adversários são a fome, o desemprego, os excluídos", lembrou, defendendo que é para isso que o Governo tem de olhar.
"Qualquer crise" no seio do Governo atrapalha a execução do programa do Governo, admitiu, mas, por outro lado, "é da democracia". "Um governo totalitário não tem crises", resumiu.
"Eu sou um democrata convicto, a gente de aprender a conviver com crises, a enfrentá-las, mas sempre pensando de forma positiva, conciliando, procurando as convergências. Nós temo-nos detido muito nas nossas divergências", acrescentou.
O ministro da Defesa adiantou ainda que esteve com Gonçalves Dias na quinta-feira e que já voltou a falar com o ex-ministro.
"Estive com ele ontem [quinta-feira], conversei com ele hoje. Torço muito para que isso termine em bom tempo. Ele quer é paz", frisou.
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, chegou hoje a Lisboa para uma visita oficial a Portugal, com uma agenda intensa, que inclui uma cimeira luso-brasileira, com assuntos da comunidade imigrante em debate, mas também com um negócio aeronáutico no horizonte.
Nos planos brasileiros estão a possibilidade de exportação do avião KC-390, que já é produzido pela empresa brasileira Embraer em Portugal, para outros países da União Europeia e a produção do Super Tucano com padrões NATO em parceria com as OGMA.
Lula da Silva, estará em Portugal até 25 de abril, com uma delegação com um "número expressivo", com vários ministros, entre os quais da Cultura, Transportes, Saúde, Defesa, Ciência e Tecnologia, Igualdade Racial e Direitos Humanos e da Cidadania.
Um dos destaques da visita vai ainda para a entrega do Prémio Camões, de 2019, ao cantor e escritor brasileiro Chico Buarque. "O brasileiro foi escolhido para receber a premiação em 2019, mas a assinatura não foi feita pelo governo anterior", recordou o atual Governo brasileiro.
Na terça-feira, está programada para as 10:00 uma "sessão solene" em homenagem ao Presidente brasileiro que antecede as celebrações do 25 de Abril, na qual Lula da Silva fará um discurso.
Mas o chefe de Estado brasileiro já não deverá marcar presença na sessão solene das celebrações do 25 de Abril, pois segue depois para Madrid com uma agenda que incluiu reuniões com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, Filipe VI de Espanha e ainda um fórum empresarial.