O dia amanheceu com um ataque em território russo, que a Ucrânia não reivindica e ao qual se seguiram bombardeamentos em várias cidades ucranianas, nomeadamente na região separatista de Lugansk. Kiev continua sob ameaça e, em Mariupol, a falta de condições de segurança adiou a retirada de dois mil civis. Saiba aqui os principais pontos-chave deste que é o 37.º dia da invasão russa na Ucrânia.
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- O Comité Internacional da Cruz Vermelha revelou ter adiado a tentativa de retirada de civis da martirizada Mariupol. "A equipa que estava a caminho da cidade, esta sexta-feira, para escoltar dezenas de autocarros e facilitar a saída segura de dois mil civis, cuja retirada estava praticamente dada como certa, teve de regressar a Zaporíjia porque as condições fizeram com que se tornasse impossível prosseguir", explicou à BBC. A equipa tentará chegar à cidade portuária no sábado. Mais de 100 mil pessoas continuam retidas na cidade martirizada, dizem as autoridades ucranianas.
- A Rússia acusou as tropas ucranianas de terem destruído, esta sexta-feira de manhã, um depósito de combustível na cidade russa de Belgorod, a cerca de 70 quilómetros de Kharkiv, na Ucrânia. A Ucrânia não confirmou nem desmentiu a autoria do ataque, que causou um incêndio e provocou dois feridos, obrigando à retirada de pessoas das ruas adjacentes. De acordo com a BBC, a confirmar-se, é o segundo ataque alegadamente ucraniano àquela cidade fronteiriça desde o início da guerra.
- O autarca de Kiev disse que "enormes" batalhas estão a ser travadas ao norte e leste da capital da Ucrânia. "O risco de morrer [na capital] é bastante alto, e é por isso que meu conselho para quem quiser voltar é: por favor, esperem um pouco mais", apelou Vitaliy Klitschko.
- As forças russas estão a retirar-se da região de Chernihiv, no norte da Ucrânia, mas ainda não saíram completamente, disse o governador regional, Viacheslav Chau, num discurso captado em vídeo, em que apontou estarem ainda a ocorrer "ataques aéreos e com mísseis". Por seu turno, o autarca da cidade de Chernihiv acusou as forças russas de terem bombardeado e destruído uma unidade de oncologia de um hospital da cidade.
- Várias cidades da região separatista de Lugansk, no leste da Ucrânia, foram atingidas por "fortes bombardeamentos" das forças russas, denunciou o governador militar regional. Pelo menos duas pessoas morreram e moradores ficaram feridos, detalhou o responsável, acrescentando haver graves falhas no abastecimento de água, gás e eletricidade.
- O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Mariano Grossi, considerou que a situação geral relacionada com a radiação ao redor da central nuclear de Chernobyl é "bastante normal" e disse que pode ter havido um aumento na radiação devido à poeira levantada por veículos militares quando as forças russas deixaram a zona. A Ucrânia confirmou que voltou a controlar a antiga central nuclear e garantiu que vai trabalhar com a agência internacional para avaliar os danos causados durante a ocupação russa. Leia aqui
- O presidente da Ucrânia anunciou, na quinta-feira à noite, a demissão de dois generais por violação do juramento militar de lealdade, com base no estatuto disciplinar das Forças Armadas da Ucrânia. Volodymyr Zelensky disse que foram demitidos dois altos responsáveis do Serviço de Segurança do país. "Agora não tenho tempo para lidar com todos os traidores. Mas pouco a pouco serão todos punidos", garantiu, agradecendo, por outro lado, aos "heróis nacionais" por defenderem o Estado.
- Os líderes da União Europeia pediram à China que ajude a escrever um ponto final na guerra. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, alertou, após uma reunião com os líderes chineses, que quaisquer tentativas para contornar as sanções da União Europeia ou ajudar a Rússia irão prolongar a guerra na Ucrânia. Para o representante europeu, uma ajuda a Moscovo "irá levar a mais perdas de vidas e a um impacto económico ainda maior, o que não beneficia ninguém a longo prazo".
- A agência de jornalismo de investigação russa "Proekt", proibida no país, avançou que Vladimir Putin possa estar doente, uma vez que tem sido acompanhado em viagens regulares para fora de Moscovo por um especialista em cancro. É frequentemente visitado por médicos na cidade turística de Sochi, mantendo um especialista em tiroide sempre por perto. Leia aqui
Balanço
- Mortos e feridos: A invasão russa da Ucrânia já fez pelo menos 1276 mortos e 1981 feridos entre a população civil, a maioria dos quais vítimas de armamento explosivo de grande impacto, de acordo com o relatório desta sexta-feira do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que contabilizou 115 crianças mortas e 160 feridas. A agência da ONU acredita, no entanto, que estes dados estão muito aquém dos números reais, sobretudo nos territórios onde os ataques constantes não permitem recolher e confirmar a informação. De acordo com as autoridades ucranianas, pelo menos 153 crianças foram mortas e 245 ficaram feridas desde o início da invasão russa. Os bombardeamentos russos terão danificado 859 escolas, incluindo 83 que ficaram destruídas, acrescentaram.
- Refugiados: Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, mais de 4,10 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da guerra. Desde 22 de março, o fluxo de refugiados diminuiu acentuadamente, para cerca de 40 mil travessias diárias. No total, mais de 10 milhões de pessoas, ou seja, mais de um quarto da população da Ucrânia, tiveram de abandonar as respetivas casas na sequência da ofensiva militar russa.