Pontos-chave do 25.º dia: dez milhões já fugiram de casa por causa de uma Rússia "nazi"
Mais de dez milhões de pessoas já fugiram de casa, na Ucrânia, desde o início da ofensiva russa, que Zelensky comparou à Alemanha nazi. Em Mariupol, os ataques e deportações forçadas continuam. Leia aqui os principais pontos que marcaram este 25.º dia da guerra.
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- A martirizada cidade de Mariupol continua debaixo de fogo. A Autarquia acusa as forças russas de terem bombardeado, este domingo, uma escola de arte onde 400 civis, incluindo crianças, estavam abrigados. E, de acordo com o ministério do Interior da Ucrânia, foi destruída também aquela que é uma das maiores centrais metalúrgicas da Europa, a Metalúrgica Combine Azovsta. Segundo as autoridades locais, milhares de moradores da cidade foram deportados à força para a Rússia e depois enviados de comboio para várias cidades economicamente enfraquecidas, onde devem permanecer.
- Um projétil explodiu do lado de fora de um prédio habitacional em Kiev, ferindo pelo menos cinco pessoas, disse o autarca da capital ucraniana este domingo.
- Mais de 100 militares e "mercenários estrangeiros" ucranianos foram mortos na região norte de Jitomir, anunciou o Ministério da Defesa russo. "Mísseis de alta precisão atingiram um centro de treino das forças de operações especiais das forças armadas ucranianas, onde mercenários estrangeiros se encontravam destacados perto de Ovruch" (a menos de dez quilómetros da fronteira da Bielorrússia e a cerca de 150 quilómetros de Kiev), disse o porta-voz militar Igor Konashenkov, que anunciou também que foram atingidas, nas últimas horas, 62 instalações militares ucranianas.
- O presidente ucraniano apelou a Israel que ajude a proteger a Ucrânia contra a invasão russa. Dirigindo-se este domingo ao Parlamento israelita, Zelensky pediu apoio militar e questionou a razão pela qual o país não se juntou às sanções europeias e norte-americanas contra a Rússia, fazendo ainda comparações entre a ofensiva em curso e o plano da Alemanha nazi para exterminar judeus. Para o líder ucraniano, Israel tem a melhor defesa aérea do mundo e, por isso, "pode definitivamente ajudar a salvar as vidas dos ucranianos". "A escolha é vossa, irmãos e irmãs, e depois têm de viver com a vossa resposta", afirmou Zelensky, que hoje anunciou a suspensão de 11 partidos políticos ucranianos por causa das suas ligações com a Rússia. Em entrevista à CNN, voltou a dizer estar "pronto para negociar" com Putin e apelidou as acusações de que há nazis no governo da Ucrânia como uma "piada", acusando a Rússia de se estar a comportar em Kiev e Mariupol como o exército nazi se comportou na segunda Guerra Mundial, durante os cercos à capital ucraniana e a Leninegrado.
- O Papa Francisco voltou a falar sobre a invasão russa este domingo, pedindo um compromisso para acabar com a guerra. "A agressão violenta contra a Ucrânia não pára. Um massacre sem sentido em que as atrocidades se repetem todos os dias e não há uma justificação para isso. Peço aos atores da comunidade internacional que se comprometam em acabar com esta guerra repugnante", disse o pontífice máximo da Igreja Católica, no Vaticano.
- O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia manifestou-se esperançado na possibilidade de um cessar-fogo na Ucrânia, ao admitir que as duas partes "quase concordam" em quatro das seis questões em discussão. "Algumas questões precisam de ser decididas ao nível da liderança", disse Mevlüt Çavuşoğlu, numa entrevista ao jornal turco "Hurriyet", citada pela agência espanhola EFE.
- Depois de terem ficado reféns das tropas russas durante mais de três semanas, 64 trabalhadores da central nuclear de Chernobyl puderam abandonar o local. Foram substituídos por 46 homens que se voluntariaram para trabalhar na central.
Balanços
- Mortos e feridos: Pelo menos 902 civis foram mortos e 1459 ficaram feridos na Ucrânia até a meia-noite de sábado, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que estima, no entanto, que o número real de vítimas em território controlado pelo governo ucraniano, mais à mercê dos ataques russos, seja muito superior. O Parlamento ucraniano elevou para 115 o número de crianças ucranianas que foram mortas desde o início da guerra e para 140 o número das que sofreram ferimentos.
- Refugiados: Mais de dez milhões de pessoas fugiram de casa na Ucrânia por causa da guerra "devastadora", revelou hoje o Alto-comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi. O número incluiu pessoas "deslocadas internamente ou refugiadas no exterior".