Numa sondagem para aferir as atitudes para com a democracia, há uma forte polarização entre o Ocidente e o resto do mundo relativamente às perceções atuais sobre a Rússia. De 31 países a favor do corte dos laços económicos com a Rússia, 20 são europeus. Portugal é um dos países que tem uma imagem mais negativa do país liderado por Putin.
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Um inquérito global realizado pela Alliance for Democracies, organização com sede em Copenhaga, na Dinamarca, para aferir as atitudes face à democracia, mostrou que a maioria das opiniões negativas face à Rússia estão nas democracias liberais ocidentais.
No Índice Anual de Perceção da Democracia, realizado após a invasão da Ucrânia e que contou com a participação de 52 países altamente povoados na Ásia, América Latina, Estados Unidos (EUA) e Europa, consta que 55% dos europeus inquiridos são a favor do corte dos laços económicos com a Rússia devido à invasão da Ucrânia por Vladimir Putin. Já na Ásia, houve uma maioria contra. Na América Latina a opinião foi igualmente dividida.
No ranking de países com uma imagem mais negativa da Rússia, Portugal aparece em terceiro lugar (79%), apenas superado pela Polónia (87%) e pela Ucrânia (80%). Suécia (77%), Itália (65%), Reino Unido (65%), Estados Unidos (62%) e Alemanha (62%) também apresentam uma opinião negativa face ao regime de Vladimir Putin. Mesmo na Hungria, cujo primeiro-ministro, Viktor Orbán, é um aliado do líder russo, 32% têm uma visão negativa da Rússia. Já na Venezuela, muitas vezes vista como apoiada pela Rússia, a população local tem uma visão negativa do país de 36%.
Mas nem todos os países têm uma visão negativa do regime de Putin. Países como a Índia (36%), Argélia (29%), Indonésia (14%), Arábia Saudita (11%), Egito (7%) e Marrocos (4%) e apresentam uma visão positiva face à Rússia.
De facto, as opiniões negativas sobre a Rússia limitam-se, em grande parte, à Europa e a outras democracias liberais. A favor do corte dos laços económicos com a Rússia estão 31 países. Desses, 20 são europeus.
Do lado dos que não veem a guerra como motivo para cortar laços com o país liderado por Putin estão a Grécia, Quénia, Turquia, China, Israel, Egito, Nigéria, Indonésia, África do Sul, Vietname, Argélia, Filipinas, Hungria, México, Tailândia, Marrocos, Malásia, Peru, Paquistão e Arábia Saudita. Na Colômbia, as opiniões estão igualmente divididas.
Embora os diplomatas russos apontem as conclusões da sondagem como prova de que a opinião pública global não partilha as interpretações ocidentais dos acontecimentos na Ucrânia, o nível de desconfiança da Rússia em alguns países foi elevado.
Uma ajuda que não chegou
Ainda que as opiniões sobre a Rússia sejam contraditórias, foi notória uma união no que diz respeito à simpatia face à Ucrânia. Na sondagem, quase metade dos inquiridos globalmente (46%) disse que a União Europeia, os Estados Unidos e a NATO estavam a fazer muito pouco para ajudar a Ucrânia e apenas 11% disseram que já foi feito demasiado.
Na América Latina, 62% dos inquiridos consideram que a NATO fez muito pouco para ajudar. Na Europa, essa percentagem desce para 43%. Já a China apresenta uma opinião distinta, com 34% dos inquiridos a dizer que os EUA fizeram demasiado para ajudar.