Ao 96.º dia de guerra, o foco da Rússia está na cidade de Severodonetsk. As forças russas querem a "libertação" do Donbass e essa é a "prioridade incondicional". O dia ficou marcado pela morte de mais um jornalista - o oitavo desde o início da guerra -, desta feita um francês de 32 anos que filmava a retirada de civis da região de Lugansk. Fora do teatro de operações, em Bruxelas, os Estados-membros voltam a reunir-se para um conselho extraordinário com o objetivo de aprovar o sexto pacote de sanções à Rússia, que poderá incluir o embargo ao gás russo. Os pontos-chave desta segunda-feira:
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- O dia ficou marcado por combates intensos em Severodonetsk. Dois civis morreram e cinco ficaram feridos na sequência de bombardeamentos russos. A maioria das vítimas residia num bloco habitacional. A cidade na região de Lugansk está sem água, luz e gás e as forças russas já começaram a avançar para o interior da localidade. Um governador da região disse que o bombardeamento do centro industrial é tão intenso que desistiram de contar as vítimas.
- O jornalista francês Frédéric Leclèrc Imhoff, de 32 anos, morreu na região de Lugansk, onde estava a filmar a evacuação de civis para a BFM TV, para quem trabalhava há seis anos. O autocarro humanitário onde seguia foi atingido perto de Severodonetsk por estilhaços de granadas e o jornalista sofreu um ferimento grave no pescoço. A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenou a morte e culpou diretamente o Presidente russo, Vladimir Putin, pelos ataques deliberados das suas tropas contra os jornalistas.
- As forças armadas ucranianas lançaram uma contra-ofensiva para tentar recuperar a cidade de Kherson das mãos dos russos.
- As autoridades pró-russas que governam a cidade de Melitopol dizem que uma explosão feriu duas pessoas. As autoridades locais, leais a Moscovo, dizem que se tratou de um ataque terrorista atribuído à Ucrânia.
- O Ministério da Defesa do Reino Unido (MoD, na sigla original) considera que a Rússia sofreu baixas elevadas entre os "oficiais intermédios e mais novos".
- A Rússia transferiu tropas e equipamentos para a região russa de Kursk, que faz fronteira com a região nordeste de Sumy, na Ucrânia, para proteger os seus cidadãos.
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- O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, diz que assumir o controlo da região do Donbass "é uma prioridade incondicional" para a Rússia. "A libertação" daquela região mineira, compostas pelas regiões de Donetsk e Lugansk, é fundamental. Na mesma entrevista Lavrov negou que Putin esteja doente, rejeitando rumores que circulam há já vários meses sobre a saúde do líder.
- O presidente turco Recep Tayyip Erdoğan ofereceu-se para sediar conversas entre a Rússia, a Ucrânia e as Nações Unidas em Istambul, durante uma chamada telefónica com Putin. Na mesma conversa, a Rússia disse estar disposta a colaborar com a Turquia para a livre circulação de mercadorias no mar Negro.
- Os combatentes ucranianos do regimento Azov que se renderam após terem combatido em Mariupol, sudeste da Ucrânia, serão julgados e arriscam a pena de morte, afirmou um responsável do território separatista russófono de Donetsk (DNR).
- O ex-presidente ucraniano Petro Poroshenko, rival do atual chefe de Estado Volodymyr Zelensky, foi autorizado a sair do país após ter sido "deliberadamente" bloqueado na fronteira por duas ocasiões durante o fim de semana.
- A Rússia vai deixar de fornecer gás aos Países Baixos a partir de amanhã, depois de o comerciante apoiado pelo governo GasTerra se ter recusado a pagar o fornecedor Gazprom em rublos.
- A banda ucraniana vencedora do Festival Eurovisão de 2022, Kalush Orchestra, vendeu o troféu que simboliza o triunfo por 900 mil dólares (cerca de 838 mil euros). A venda foi feita através de um leilão no Facebook, com o objetivo de comprar drones para a defesa da Ucrânia.
- O grupo de piratas informáticos Anonymous disse que realizou um "ataque" informático "massivo" aos portais do Governo da Bielorrússia devido ao seu apoio à Rússia na invasão da Ucrânia.
Sexta ronda de sanções em discussão e os apoios dos aliados
- A presidente da Comissão Europeia apelou à "unidade da União Europeia", a "chave do sucesso" na solidariedade com a Ucrânia face à agressão militar russa, num momento em que persiste um impasse em torno do sexto pacote de sanções. À chegada a um Conselho Europeu extraordinário de dois dias em Bruxelas marcado pelas intensas negociações entre os 27 em torno do sexto pacote de sanções à Rússia, Ursula von de Leyen reiterou que não espera um compromisso durante a cimeira.
- A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, considerou que a União Europeia "não pode se dar ao luxo" de não chegar a um acordo sobre a sexta ronda de sanções proposta pelo bloco contra a Rússia. Já o chefe de relações exteriores da União Europeia, Josep Borrell, está "totalmente confiante" de que o bloco chegará a um acordo e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também disse que era "agora" o tempo de decidir sobre um embargo de petróleo russo.
- O chanceler alemão, Olaf Scholz, espera que a União Europeia chegue a um consenso sobre um embargo de petróleo contra a Rússia, mas não dá um prazo de quando isso poderá acontecer. Já o primeiro-ministro português António Costa afirmou que os 27 Estados-membros da União Europeia pretendem todos encontrar "um ponto de entendimento" quanto ao sexto pacote de sanções à Rússia. Por sua vez, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, acusou a Comissão Europeia de ter um "comportamento irresponsável" para com a Hungria e desmentiu a existência de um compromisso sobre novas sanções à Rússia.
- O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que o país não vai enviar sistemas de mísseis à Ucrânia que possam chegar à Rússia.
- A diplomacia francesa assegurou que "continuará e fortalecerá" as entregas de armas à Ucrânia, apesar das críticas a Paris por parte de Moscovo.
- A Alemanha está preparada para conceder vistos de longa duração a opositores e jornalistas russos ameaçados pelo Kremlin.