O cidadão português de 56 anos que foi intercetado pela Guarda Nacional venezuelana (polícia militar) quando chegava à sua residência, em Caracas, continua detido e à espera para ser apresentado em tribunal.
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"A Embaixada de Portugal está a acompanhar a situação, este cidadão encontra-se bem, foi bem tratado e estamos a aguardar o decurso dos trâmites processuais da lei venezuelana e temos toda a convicção e esperança que seja libertado assim que seja presente às autoridades polícias", disse o adido social à agência Lusa.
Gonçalo Capitão precisou ainda "ter a convicção de que será libertado, por ser completamente alheio às manifestações políticas em curso" no país.
Segundo diversas fontes, Ricardo Manuel Ferreira passou a noite numa área do Forte de Tiuna, principal base militar de Caracas, para onde foram levados os 41 cidadãos detidos pela Guarda Nacional, na noite de sexta-feira, quando se encontravam perto da Praça Altamira (leste de Caracas), onde um grupo de manifestantes tentava impedir a circulação de viaturas com barricadas na estrada.
Um amigo explicou à Agência Lusa que Ricardo Manuel Ferreira, mecânico da Teixeira Duarte se encontra na Venezuela com um visto temporário de trabalho, no âmbito dos acordos de cooperação bilateral entre Lisboa e Caracas.
Várias fontes dão conta que entre os detidos encontra-se também um lusodescendente, Jacinto Gonçalves e que os familiares destes cidadãos queixam-se de que os guardas nacionais lhes roubaram os telemóveis.
Segundo o canal estatal Venezuelana de Televisão noticiou que entre os 41 detidos, encontram-se "oito estrangeiros procurados por terrorismo internacional".
O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa confirmou, na sua conta do Twitter que os guardas nacionais "atacaram e roubaram o equipamento de trabalho a pelo menos dois jornalistas estrangeiros" que se encontravam no local, incluindo a fotógrafa italiana Francesca Commissari.
Há 17 dias que se registam protestos em várias localidades da Venezuela, entre manifestações pacíficas e atos de violência que provocaram pelo menos 18 mortos, 261 feridos e mais de 500 detidos.
Os protestos começaram a 12 de fevereiro, com uma marcha pacífica de estudantes contra a insegurança, mas intensificaram-se nesse mesmo dia, quando confrontos entre manifestantes, forças de ordens e alegados grupos armados, provocaram a morte de três pessoas.
As manifestações persistem apesar de os venezuelanos terem por tradição viajar até localidades do interior do país para celebrar o carnaval.