Um português, a trabalhar em Bruxelas, relata, ao JN, o "caos" que se vive, nesta manhã de terça-feira, na capital belga. José Vieira escapou por pouco ao atentado na estação do metro de Maelbeek e diz-se incrédulo por estar a "viver um momento semelhante ao 11 de setembro".
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Foi uma mudança de rotina que afastou José Vieira da rota do terrorismo. Habitualmente, iria de carro, com a mulher para o trabalho e, perto do centro de Bruxelas, apanharia o metro até um dos 30 edifícios da União Europeia, onde trabalha. Deveria ter usado a estação de Maalbeek, como muitos dos seus colegas. Mas na manhã desta terça-feira, José e a mulher decidiram ir a pé para o trabalho. "O tempo estava bom", justifica.
Já estava a trabalhar quando soube dos atentados. Primeiro, pelas redes sociais. Depois através de um SMS dos serviços de segurança interna da União Europeia. "Pediram para não nos movimentarmos muito e para evitarmos ao máximo as ruas", conta.
José Vieira, contudo, estava longe da mulher, que trabalha noutro edifício da União Europeia. "Por sorte, as comunicações funcionavam e consegui falar com ela", diz. Mas só sossegou quando se encontrou com a mulher. Para chegar até ela, teve que caminhar pelas ruas junto à estação do metro de Maelbeek e foi aí que viu o caos. "A polícia estava a tentar montar perímetros de segurança e, por todo o lado, estavam pessoas no chão a serem assistidas por equipas médicas. Deu logo para perceber que a situação era grave e que havia vítimas mortais", relata.
"Isto é uma coisa terrível, que nunca imaginámos que pudesse acontecer. Sabíamos que existiam riscos mas nunca pensamos que pudesse acontecer algo com esta dimensão no coração da diplomacia europeia. Foi tudo muito bem coordenado, o que nos deixa estupefactos. Como foi possível isto acontecer sem os serviços de segurança detetarem?", questiona, convicto de que está a viver "um momento semelhante ao 11 de setembro", como escreveu na sua página no facebook, numa mensagem que pretendia garantir aos seus familiares e amigos de que se encontra bem.
José e a esposa estão refugiados num hotel de Bruxelas e ainda não sabem quando poderão regressar a casa. "A situação ainda não está totalmente estabilizada. Nada garante, para já, que não possa haver mais atentados. Temos que aguardar", explica.