Filipe Teixeira, 31 anos, há quatro anos a trabalhar na Bélgica, viajava de comboio para o aeroporto de Bruxelas, onde tinha previsto apanhar um voo para Portugal, quando se deu a explosão.
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"Estava quase a chegar ao aeroporto quando nos vieram dizer que tinha acontecido um atentado terrorista", contou Filipe, que viajava com a namorada belga, para "aproveitar uns dias de férias da Páscoa".
Encaminhado para a gare sul da estação, Filipe relatou que "houve pessoas que entraram em pânico, quando chegaram 15 a 20 elementos da Polícia, com "espingardas de assalto", e aos gritos em francês e holandês, começaram a revistar toda a gente que parecesse árabe". "Eu próprio, de barba, e de mochila às costas, não me senti seguro e preferi vir para a rua", acrescentou.
Aí, Filipe diz que viu "várias ambulâncias a passar e carros blindados". "Foi impressionante! Nunca tinha visto nada assim. Mas o que mais chocou, sem dúvida nenhuma, foi a atuação da Polícia. Havia pessoas a chorar de todas as idades", recordou.
Já de volta à estação, apercebeu-se que "todas as ligações de comboio estavam cortadas para Bruxelas".
Como cancelado também tinha sido o voo da TAP para Portugal. "A KLM e a Air France ainda deram oportunidade aos clientes de regressarem a Amesterdão e a Paris, mas a companhia portuguesa apenas nos disse que não se responsabilizava pelo que tinha acontecido", explicou Filipe.
Não restou outra alternativa ao português se não "apanhar o último comboio" que estava a sair de Bruxelas e regressar a casa, em Gand, a cerca de 35 quilómetros. E também aí notou que, por precaução, "havia muitos estabelecimentos fechados".
Filipe Teixeira sente que "nos últimos anos tem aumentado a tensão entre locais e imigrantes" e relatou que, "por vezes, basta sair à noite para ruas com menos movimento e, se estiver de mochila e um simples cachecol, sou mandado parar e pedem-se logo a documentação".
Ainda sem ter recuperado do susto, uma das principais preocupações do português, foi telefonar à mãe, em Coimbra, e confirmar "que estava bem".