Portugueses em Marrocos relataram os momentos vividos durante o abalo que “durou cerca de 30 segundos, mas pareceu uma eternidade”.
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Bruna Pinheiro, 23 anos, estava num resort em Marraquexe quando tudo aconteceu. Passava pouco das 23 horas quando ouviu um barulho ensurdecedor: “parecia que estávamos a ser atingidos por bombas, as paredes abanavam muito, pareciam gelatina. Foi terrorífico”. E não era só Marrocos que desmoronava, também as pessoas cediam perante o pânico: “Eram bebés a chorar, pais desesperados, toda a gente a correr e a rezar”.
Durante um tremor de terra qual será o primeiro instinto de quem o vive? Bruna explicou que deixou de ter controlo no próprio corpo, não conseguiu sair do quarto e esperou que tudo acalmasse. A imagem que diz ficar para sempre na memória é a do pós-sismo: “Saímos do hotel, olhei para o céu e passaram milhares de pássaros, o silêncio era perturbador”.
A 2,5 quilómetros do centro estava Fábio Lima, diretor financeiro do hotel Pestana CR7 em Marraquexe: “A construção deste edifício é recente e aqui tudo se passou de forma tranquila. O impacto maior foi na zona mais antiga da cidade, muita coisa ruiu”. No hotel estavam cerca de 200 pessoas e, ao contrário do que aconteceu com o resort onde Bruna estava instalada - todos permaneceram na zona exterior até às 4 horas da manhã -, no Pestana CR7 “grande parte das pessoas, se não a totalidade, regressou ao hotel e passou a noite tranquila”.
Trinta segundos eternos
Quem também estava em Marrocos, a propósito do décimo encontro internacional de geoparques da UNESCO, era José Carlos Rolo, presidente da Câmara de Albufeira, que diz ter vivido os segundos mais longos da sua vida: “A terra tremeu a bom tremer. Foram 30 segundos que pareceram uma eternidade”.
Com ele estavam os presidentes das Câmaras de Loulé e Silves que passaram a noite em claro e ao relento. De manhã, José Carlos pôde ver o rasto de destruição nas ruas: “O centro cultural onde tínhamos reuniões ficou danificado, mas onde estamos não há feridos”. Ainda à espera de vir para Portugal, não deixou de mencionar “o acompanhamento próximo” da Embaixada de Portugal em Rabat e do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.