Portugueses em missão em Moçambique levam comida, medicamentos e água potável às populações afetadas pelo ciclone que devastou o sudeste de África. O INEM vai instalar um hospital na cidade da Beira nos próximos dias, numa altura em que os cuidados de saúde são prioritários.
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A Força Conjunta portuguesa no centro de Moçambique, ativada pelo Mecanismo Europeu de Proteção Civil no rescaldo da passagem do ciclone Idai, cumpre esta sexta-feira, o 7.º dia de "trabalho ininterrupto".
Último balanço aponta para 493 vítimas mortais
Formada por elementos dos Bombeiros Voluntários, da Força Especial de Bombeiros, da GIPS da GNR e do INEM, com a coordenação da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), a equipa chegou ao país na manhã de sábado e nessa tarde "já tinha todos os módulos operacionais", na vila de Búzi, das mais afetadas pelo Idai, no centro do país. Um "trabalho em tempo recorde" que resulta num "balanço extremamente positivo", avaliou ao JN o comandante da ANPC, Pedro Nunes.
Os cerca de 70 membros da Força Conjunta estão a transportar e distribuir alimentos (1200 quilos já entregues), medicamentos e água limpa a quem só tinha o rio para matar a sede. Segundo o responsável, estão a ser produzidos diariamente, desde segunda-feira, dois a três mil litros de água potável para os habitantes de Búzi, ameaçados pela cólera.
É algo que faz a diferença
O milagre da água faz-se através de um equipamento de purificação "fundamental" que tem capacidade para purificar 300 litros de água por hora e que está a ser usado 10 horas por dia, informou o secretário de Estado da Proteção Civil. Contas feitas, com a mesma frequência de utilização, o equipamento pode gerar 1 milhão de litros de água limpa, ao fim de um ano.
"A água entra insalubre e sai limpinha. Enche-nos de grande satisfação. É algo que faz a diferença", descreveu José Artur Neves, adiantando que o aparelho foi entretanto oferecido à comunidade local, que contará com dois elementos da GNR que ensinarão a administração do território a usá-lo.
A força nacional tem também recorrido a drones para avaliar estragos em zonas afetadas e tem estado a cortar árvores que impediam a circulação nalgumas zonas da Beira, com recurso a motosserras.
Agora que a fase de busca e salvamento está "ultrapassada", como já tinha anunciado ontem o presidente moçambicano, a prioridade é reforçar os cuidados de saúde. Depois do levantamento de necessidades feito por equipas no local, o INEM vai montar hoje na região um hospital de campanha, com 28 profissionais. Além disso, está em curso uma ação de vacinação junto de cidadãos portugueses.
Mais portugueses querem sair
José Artur Neves afirmou que tem havido "manifestações pontuais" de portugueses que dizem querer regressar a Portugal, e juntar-se aos já sete expatriados, mas "apenas dois ou três" avançaram com a vontade, "que será cumprida pelo Governo". De resto, "não há neste momento portugueses incontactáveis".
De resto, "não há neste momento portugueses incontactáveis". E as empresas atingidas pelo Idai "começaram a laborar rapidamente" apesar dos estragos. Numa escola portuguesa na Beira, visitada esta sexta-feira pelo secretário de Estado, não falta "vontade de retomar a vida". Professores e alunos ficaram sem telhado mas não perderam o chão. Estão "motivados" para meterem as mãos nos livros.