
O Partido Popular foi a força política mais votada em Espanha nas eleições realizadas este domingo com 28,7% dos votos, um resultado muito afastado da maioria absoluta. O escrutínio confirmou o parlamento mais fragmentado da história da democracia espanhola, o que poderá dificultar a definição de pactos de governação estáveis.
Muitos jornais espanhóis utilizavam ontem a expressão "ingovernável" para caracterizar o resultado procedente das urnas.
Comparando com o resultado obtido há quatro anos, o partido de Mariano Rajoy perdeu mais de 60 deputados, alcançando 123 representantes parlamentares. A nível de votos, o partido conservador cai dos mais de 10 milhões de eleitores em 2011 para perto de sete milhões, o pior resultado do partido desde 1989.
Por sua vez, o PSOE conseguiu segurar o posto de segunda força política com 22% dos votos e 90 deputados, embora seguido de perto pelo Podemos, que ultrapassou os 20% dos votos.
O resultado tem um sabor amargo para Pedro Sánchez, o líder dos socialistas, uma vez que o PSOE obtém o pior resultado da sua história, descendo mesmo dos 110 deputados eleitos em 2011 por Alfredo Pérez Rubalcaba.
Juntos, os dois partidos maioritários somam pouco mais de 50%, o que confirma a quebra do bipartidarismo espanhol e a entrada numa nova etapa política, mais fragmentada e plural.
O Podemos consolida-se como terceira força política, conquistando quase cinco milhões de votos e protagonizando uma entrada inédita no Congresso de Deputados com 69 deputados. Primeira força política na Catalunha e no País Basco, o partido de Pablo Iglesias não conseguiu, no entanto, atingir um dos objetivos que se tinha proposto: superar o PSOE.
Por sua vez, o Ciudadanos coloca-se na quarta posição com 13% e 40 representantes parlamentares. O resultado que fica aquém, no entanto, das expectativas criadas pela formação de Albert Rivera, que chegou a ser colocado na segunda posição em algumas sondagens.
Os resultados indicam que será muito difícil conseguir formar governo, uma vez que a união de PP e Ciudadanos não é suficiente para garantir a maioria no Congresso de Deputados, cifrada em 176 deputados.
Também a conjugação de PSOE e Podemos seria insuficiente para alcançar a maioria absoluta, pelo que a chave do próximo Executivo poderia acabar por estar nas mãos dos partidos nacionalistas, como Esquerda Republicana da Catalunha (nove deputados), Convergencia Democrática (oito deputados), Partido Nacionalista Basco (seis deputados) Bildu (dois deputados) ou Coligação Canária (um deputado).
Embora com apenas dois representantes eleitos, também a Esquerda Unida poderá ter uma palavra a dizer no momento de decidir quem será o próximo inquilino do Palácio da Moncloa.
Neste cenário ganha força a hipótese da "grande coligação", ou seja, uma alinça entre os dois partidos tradicionais, PP e PSOE (que somam 213 deputados), a única que poderia garantir um apoio parlamentar com apenas dois partidos. Esta opção é, no entanto, a que conta com menos apoios nas sondagens realizadas sobre preferências de coligações.
