O presidente da República interino da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, foi detido na sequência da intervenção militar de quinta-feira à noite no país africano, disse à Lusa fonte das Nações Unidas.
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A detenção de Raimundo Pereira consta no documento que dá conta das declarações de Susan E. Rice, a representante permanente dos Estados Unidos junto da ONU, após a reunião desta sexta-feira do Conselho de Segurança, que apreciou a situação na Guiné-Bissau.
Segundo o documento, o Conselho de Segurança foi informado sobre a situação na Guiné-Bissau por Tayé-Brook Zerihoun, conselheiro de assuntos políticos do secretário-geral da ONU, que destacou que "a situação está a evoluir rapidamente e que não é fácil confirmar informações nesta altura". Porém, o mesmo responsável confirmou que os militares revoltosos detiveram o primeiro-ministro e o presidente interino.
O destino dos dois políticos guineenses não pode ser confirmado de momento, acrescentou Zerihoun, que, em nome do secretário-geral, apelou à comunidade internacional para "dar resposta ao ciclo de violência e impunidade na Guiné-Bissau".
Entretanto, a agência EFE, citando fontes militares não identificadas, noticia que Raimundo Pereira está detido no quartel onde está sediado o Estado-Maior das Forças Armadas, em Bissau, enquanto Carlos Gomes Júnior já lá esteve, mas foi levado para um centro de formação militar situado na localidade de São Vicente, a cerca de 40 quilómetros da capital.
A mulher de Carlos Gomes Júnior disse esta sexta-feira à agência AFP, que ele foi detido e levado por militares, numa carrinha, para "destino desconhecido".
Na quinta-feira à noite, um grupo de militares guineenses atacou a residência de Carlos Gomes Júnior e ocupou vários pontos estratégicos da capital da Guiné-Bissau.
A ação foi justificada esta sexta-feira, em comunicado, por um auto-denominado Comando Militar, cuja composição se desconhece, como um ato de defesa das Forças Armadas perante uma alegada agressão de militares angolanos, que teria sido autorizada por Carlos Gomes Júnior e por Raimundo Pereira.
Em comunicado, este autointitulado Comando Militar alega estar na posse de um "documento secreto" que revela uma espécie de conspiração de vários atores para "aniquilar as Forças Armadas da Guiné-Bissau".
Na segunda-feira, Angola anunciou o fim da sua missão de apoio à reforma do setor militar da Guiné-Bissau (Missang), sem, no entanto, anunciar uma data concreta para a retirada das tropas.
O auto-denominado Comando Militar lembrou, no mesmo comunicado, que, coincidentemente, é Angola que preside ao Conselho de Paz e Segurança da União Africana.