Presidente, primeiro-ministro e chefe das Forças Armadas da Guiné nas mãos dos militares revoltosos

O chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, está detido, informou em comunicado o autointitulado Comando Militar que realizou o golpe de Estado no país.
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O presidente interino da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, cujas detenções já tinham sido anunciadas anteriormente, e o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, António Indjai, estão "são, salvos e seguros nos lugares em que se encontram sob vigilância", diz o último comunicado do Comando Militar.
A Força de Reação Imediata (FRI) das Forças Armadas Portuguesas - constituída pelas operações especiais, paraquedistas e fuzileiros - está pronta a atuar caso seja necessário evacuar da Guiné-Bissau cidadãos nacionais ou de países amigos. O ministro da Defesa discutiu, esta sexta-feira, com as chefias militares uma eventual deslocação de tropas portuguesas para aquele país. A FRI é composta por 560 homens. Os paraquedistas, as operações especiais e os aviões C-130 estão em prontidão em 24 horas; a companhia de fuzileiros, a fragata Côrte-Real e o reabastecedor Bérrio, em 48 horas.
Devido à instabilidade política, a TAP cancelou ontem o voo da noite com destino a Bissau. Para amanhã, está programado um novo voo.
Na origem do golpe militar está, segundo o autodenominado Comando Militar, um "documento secreto" que revela uma espécie de conspiração para "aniquilar as Forças Armadas Guineenses" acordado entre os governos de Angola e da Guiné-Bissau. Na segunda-feira, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas guineenses ordenou a retirada da Missão Angolana de Apoio a reformas nos setores de Defesa e Segurança. Mas o Governo angolano não anunciou a data da saída dos seus militares.
Portugueses contaram, ao JN, que não há registo de vítimas no hospital civil e que, esta sexta-feira, viveu-se uma certa normalidade em Bissau.
Após uma reunião com dois dos partidos políticos (PRS de Kumba Ialá e o PRID, de Afonso Té - , Dabana Da Walna explicou que o levantamento militar tem como único objetivo encontrar "uma saída política para a crise" e evitar" que poder caia na rua".
Os militares querem a realização de novas eleições legislativas e presidenciais e pedem a formação de um governo de transição.
O golpe de Estado foi condenado por toda a comunidade internacional, incluindo o Governo e a presidência da República portuguesas. A ONU exigiu a libertação imediata dos presos políticos. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou "nos mais fortes termos possíveis", o golpe militar e apelou aos golpistas para restaurarem "imediatamente" o poder político e libertarem os detidos.
A Presidência dos Estados Unidos também condenou o golpe militar e apelou à restauração do Governo legítimo do país.
Na reunião desta sábado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a Guiné Bissau será o tema principal.
* com Carlos Varela
