O presidente são-tomense, Manuel Pinto da Costa, demitiu o XIV governo constitucional chefiado por Patrice Trovoada, líder do partido Ação Democrática Independente.
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Num decreto assinado, na terça-feira à noite, mas só tornado público às primeiras horas desta quarta-feira devido a um "apagão" que afetou São Tomé, Pinto da Costa refere que "o Governo ora demitido continua em exercício até à tomada de posse do novo primeiro-ministro".
O decreto presidencial que demitiu o executivo de Patrice Trovoada foi divulgado após de uma comunicação à nação, feita na terça-feira à noite, pelo presidente da República, em que anunciou o convite para a Ação Democrática Independente (ADI) formar um novo governo.
"Infelizmente, e apesar de todos os esforços e do meu total empenho pessoal através da magistratura de influência que cabe ao presidente da República e concretizando a recomendação saída do Conselho de Estado, não foi possível conseguir que os partidos políticos chegassem a um entendimento que salvaguardasse o interesse do país, a estabilidade e a credibilidade externa do país", justificou Pinto da Costa.
O presidente são-tomense disse continuar convencido de que "é possível ultrapassar, com o mínimo custo para o país a crise política e dar, mais uma vez, um sinal claro" de que todos estão à altura para "ultrapassar todas as dificuldades", uma referência às exigências da ADI, que reclama eleições antecipadas para "clarificar a situação política" no arquipélago.
Pinto da Costa considerou que São Tomé e Príncipe vivia uma situação de "verdadeira anormalidade e que impunha que se agisse".
"Excecionalmente, o país foi surpreendido com a renúncia, feita através dos órgãos de comunicação social, do presidente da Assembleia Nacional, que, dessa forma, lavou as mãos, como Pôncio Pilatos, deixando a Assembleia entregue à sua sorte", disse Pinto da Costa na sua mensagem a nação.
Pinto da Costa acusou também "todos os partidos políticos" de quererem "retirar dividendos de acordo com os seus interesses particulares de modo a atingir os seus objetivos".
"Surpreendentemente, e apesar do apelo à responsabilidade, à humildade, ao sentido de Estado e aos valores patrióticos que fiz na comunicação ao país, constatei que ninguém quis entender que, no mínimo, se impunha um pedido de desculpas ao povo pelo mau exemplo de cidadania dado por quem, por ocupar cargos políticos, de tão grande relevância, tem uma fidelidade acrescida a deveres e valores éticos que em nenhuma circunstância deviam ser esquecidos", concluiu.
Na sequência da decisão do presidente da República, o partido ADI convocou uma manifestação de protesto na capital são-tomense, para as 15.00 horas locais (mesma hora em Portugal continental), para exigir a realização de eleições antecipadas.