Numa carta publicada no site da Presidência da Ucrânia, Olena Zelenska, primeira-dama do país, relatou alguns dos horrores da guerra cometidos contra crianças e mulheres e apelou ainda à comunidade internacional que continue a ajudar a Ucrânia a lutar contra este "assassinato em massa de civis ucranianos". Esta é a primeira vez que a mulher de Volodymyr Zelensky se pronuncia sobre a invasão russa.
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Há quase duas semanas que a vida dos mais de 44 milhões de ucranianos mudou para sempre. Mais de dois milhões já abandonaram o país, mas a maioria continua lá, à mercê dos ataques de Putin. Uns ficaram para lutar e defender o território, outros não tiveram tempo para isso.
"O mais assustador e devastador desta invasão é a morte de crianças. A Alice, com oito anos de idade, morreu nas ruas de Okhtyrka enquanto o avô tentava protegê-la. Polina, de Kiev, morreu com os seus pais nos bombardeamentos. Já Arseniy, de 14 anos, foi atingida na cabeça por destroços, e não foi salva porque a ambulância não chegou a tempo devido aos incêndios na zona", descreve Olena Zelenska, mulher de Volodymyr Zelensky.
"Quando a Rússia disser que 'não está a fazer guerra contra civis', eu vou dizer o primeiro nome destas crianças assassinadas", acrescentou ainda.
Naquela que é a sua primeira declaração desde o início da guerra, a primeira-dama agradeceu o apoio da comunidade internacional e das nações vizinhas que acolheram os refugiados ucranianos. Mas repetiu também os apelos do marido e presidente ucraniano para que os países ocidentais declarem uma zona de interdição do espaço aéreo. "Nas cidades onde persistem os bombardeamentos, onde as pessoas se encontram sob escombros, incapazes de sair durante dias, precisamos de corredores seguros para ajuda humanitária e evacuação de civis em segurança. Precisamos que aqueles que estão no poder que fechem o espaço aéreo da Ucrânia", pede Olena Zelenska.
Mas a NATO tem recusado impor uma zona de exclusão aérea sobre o país, alertando que isso poderia provocar uma guerra generalizada na Europa com a Rússia.
"Com esta carta e testemunho, digo ao mundo: a guerra na Ucrânia não é uma guerra "algures por aí". Esta é uma guerra na Europa, perto das fronteiras da União Europeia. A Ucrânia está a parar as forças que poderão entrar agressivamente nas vossas cidades amanhã, sob o pretexto de salvar civis", confessa Olena Zelenska.
"Se não pararmos o Putin, que ameaça iniciar uma guerra nuclear, não haverá lugar seguro no mundo para nenhum de nós", remata a primeira-dama na missiva.