Olena Zelenska praticamente cresceu ao lado de Volodymyr Zelensky mas só quando ambos estavam na Universidade é que deram mais atenção um ao outro. Desta união, nasceu uma grande história de amor e ambos têm sido uma prova de resistência e coragem perante a invasão russa. Pela primeira vez desde o início da guerra, Olena falou e descreveu alguns dos dramas de guerra que os ucranianos estão a enfrentar.
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O nome de Volodymyr Zelensky, bem como a sua coragem e liderança, têm estado nas bocas do mundo. Mas por trás de um grande líder, está também uma grande mulher que, apesar de não gostar das luzes da ribalta, nunca deixou de apoiar as decisões do marido e aproveitar a influência para apoiar as causas em que acredita.
Numa carta publicada no site da Presidência da Ucrânia, na terça-feira, Olena Zelenska relatou alguns dos horrores da guerra cometidos contra crianças e mulheres e apelou ainda à comunidade internacional que continue a ajudar a Ucrânia a lutar contra este "assassinato em massa de civis ucranianos". Esta é a primeira vez que a mulher de Volodymyr Zelensky se pronuncia sobre a invasão russa.
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"O mais assustador e devastador desta invasão é a morte de crianças. A Alice, com oito anos de idade, morreu nas ruas de Okhtyrka enquanto o avô tentava protegê-la. Polina, de Kiev, morreu com os seus pais nos bombardeamentos. Já Arseniy, de 14 anos, foi atingida na cabeça por destroços, e não foi salva porque a ambulância não chegou a tempo devido aos incêndios na zona", descreve Olena Zelenska, mulher de Volodymyr Zelensky.
"Quando a Rússia disser que 'não está a fazer guerra contra civis', eu vou dizer o primeiro nome destas crianças assassinadas", acrescentou ainda.
Olena Zelenska nasceu a 6 de fevereiro de 1978, em Kyvyi Rih, no centro da Ucrânia, tal como o líder do país, e apesar de terem estudado na mesma escola, foi na Universidade Nacional da mesma localidade, onde se formou em arquitetura, que se apaixonou por aquele que, hoje, é considerado a figura mundial do momento. Olena nunca trabalhou na área em que se formou. A escrita era uma grande paixão e a primeira-dama acabou por ficar atrás da ribalta e ser argumentista, escrevendo vários textos para o grupo de comédia que catapultou Zelensky para a fama.
Juntamente com o marido - com quem se casou depois de oito anos de namoro - Olena fundou a Studio Kvartal 95, empresa de produção de conteúdos televisivos e contribuiu para a criação da série "Servo do Povo", na qual Zelensky era protagonista, desempenhando o papel de um professor de história que acaba por se tornar presidente da Ucrânia após um discurso contra a corrupção se tornar viral. A ficção acabou por se tornar realidade e Zelensky candidatou-se à Presidência da Ucrânia, mesmo com algum receio da mulher. "Soube da candidatura dele pelos meios de comunicação social. Quando cheguei a casa, perguntei 'então, porque não me contaste?'. Ele sorriu e disse-me 'esqueci-me", contou a mulher de 44 anos em entrevista à Vogue ucraniana. Mas, num tom mais sério, garantiu que o assunto já tinha sido conversado.
Olena e Zelensky, pais de Oleksandra e Kyrylo, acabaram por se tornar o casal mais jovem de sempre à frente do país - na altura da tomada de posse, ambos tinham 41 anos - e a primeira-dama foi considerada uma das mulheres mais influentes do país. "Prefiro ficar nos bastidores, estou mais confortável na sombra, ao contrário do meu marido, sempre na frente. Não sou a vida da festa, não gosto de contar piadas", contou - mas Olena acabou por aproveitar a influência para defender as causas em que acredita.
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Além de acompanhar Zelensky para todo o lado, Olena conseguiu, apenas meio ano depois, incluir a Ucrânia na Parceria de Biarritz, uma iniciativa internacional do G7 que tem como objetivo promover a igualdade de género. Conseguiu também influenciar na alimentação das escolas, para combater a obesidade e, durante a pandemia de covid-19 lutou ainda mais contra a violência doméstica, uma vez que os números aumentaram durante o confinamento.
Atualmente, por óbvias questões de segurança, ninguém sabe do paradeiro do "alvo número dois" de Putin. Mas, mesmo "escondida", Olena não desiste de causas e de se mostrar ativa contra a invasão russa.
"Com esta carta e testemunho, digo ao mundo: a guerra na Ucrânia não é uma guerra "algures por aí". Esta é uma guerra na Europa, perto das fronteiras da União Europeia. A Ucrânia está a parar as forças que poderão entrar agressivamente nas vossas cidades amanhã, sob o pretexto de salvar civis", confessa Olena Zelenska na publicação do site da Presidência.
"Se não pararmos o Putin, que ameaça iniciar uma guerra nuclear, não haverá lugar seguro no mundo para nenhum de nós", remata a primeira-dama na missiva.