A princesa norte-americana Rita Boncompagni Ludovisi, de 73 anos, que vive na Villa Aurora, em Roma, está envolvida numa longa disputa com os três filhos do falecido marido, o príncipe Nicolò Boncompagni Ludovisi, o último dono da propriedade.
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Rita Boncompagni Ludovisi, ex-atriz, modelo da Playboy, ex-mulher de um congressista dos Estados Unidos e agente imobiliária de Nova Iorque casou-se com o príncipe Nicolo Boncompagni Ludovisi, descendente de uma das famílias mais aristocráticas da Europa, em 2009.
Quando o príncipe morreu, em 2018, deixou um testamento que determinava que a mulher, a princesa Rita Boncompagni Ludovisi tinha o direito de permanecer na propriedade pelo resto da vida. Em caso de venda, o valor deveria ser dividido entre a princesa e os três enteados, filhos do falecido marido. No entanto, os descendentes contestaram o documento, iniciando imediatamente uma disputa legal, que levou ao acordo dos dois lados em colocar a casa à venda.
Agora, a princesa recebeu um aviso de despejo, tendo sido instruída a sair da Villa Aurora num prazo de 60 dias. De acordo com o jornal italiano "La Repubblica", um juiz de Roma decidiu que a propriedade, que tem um fresco de Caravaggio, não estava a ser mantida adequadamente após o colapso de uma parede que levou ao encerramento de uma rua adjacente. À agência Reuters, a princesa disse estar "atordoada com a decisão", acrescentando que esta terá sido influenciada pelo facto de ter feito excursões não autorizadas à mansão, que está sob supervisão judicial. A princesa justificou a organização destas visitas com a necessidade de angariar fundos para a manutenção da villa.
Em declarações ao jornal britânico "The Guardian", Rita Boncompagni Ludovisi "defendeu vigorosamente" o direito de uso da propriedade. "Estou a tentar não ser cruel, mas é difícil", disse. "Eu amava muito o meu marido e ele amava-me. Moro aqui há 20 anos e dedico todo o meu tempo e recursos a esta villa. Realmente não precisava de ser assim".
Villa sem licitantes pela quinta vez
A Villa Aurora, escondida por muros altos perto da Via Veneto, no centro de Roma, esteve fora do radar do público até 2010, quando foi inaugurada após um projeto de restauração inspirado na princesa depois de a ter visto pela primeira vez em 2003, ano em que conheceu o príncipe Nicolò. Até à sua morte, a villa hospedou estudantes de História e pequenos grupos de turismo privado.
A propriedade foi colocada em leilão pela primeira vez em janeiro do ano passado com um valor inicial de 471 milhões de euros, preço justificado principalmente pelo fresco de Caravaggio no teto de uma pequena sala do primeiro andar. A pintura, de 2,75 metros de largura, encomendado em 1597 e avaliado em 310 milhões de euros, retrata uma cena alegórica com os deuses Júpiter, Neptuno e Plutão, representando a transformação de chumbo em ouro.
O preço caiu para 145 milhões de euros no último leilão. Mas, pela quinta vez, a villa não atraiu ofertas. Segundo a princesa, há interesse, mas as pessoas não "queriam entrar nesta confusão".
O próximo leilão está previsto para abril. Como o local é protegido pelo Ministério da Cultura italiano, o Estado terá a oportunidade de comprar a propriedade pelo mesmo preço. Vittorio Sgarbi, subsecretário do Ministério da Cultura, afirmou que a princesa deverá permanecer na propriedade como sua guardiã até que a villa seja vendida.