Um tribunal de Estocolmo condenou, esta segunda-feira, um antigo oficial dos serviços secretos sueco a prisão perpétua por espionagem para a Rússia e o seu irmão a pelo menos 12 anos de prisão. No que é considerado um dos casos mais graves da história da contraespionagem sueca, a maior parte do julgamento foi realizada à porta fechada, em nome da segurança nacional.
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Segundo a acusação, foi a inteligência militar russa, o GRU, que beneficiou da informação transmitida pelos dois irmãos, entre 2011 e a detenção de ambos, no final de 2021.
Peyman Kia, de 42 anos, ocupou muitas posições sensíveis dentro do aparelho de segurança sueco, incluindo no exército e nos serviços de inteligência do seu país (Säpo). O seu irmão mais novo, Payam, 35 anos, é acusado de ter "participado no planeamento" do complô e de ter "gerido os contactos com a Rússia e o GRU, incluindo a transferência de informações e a recolha da recompensa financeira".
Ambos os homens negam as acusações e os seus advogados invocaram a absolvição das acusações de "espionagem agravada", de acordo com a agência noticiosa sueca TT.
O julgamento coincide com um outro caso de alegada espionagem russa, com a detenção de um casal nascido na Rússia, no final de novembro, num subúrbio de Estocolmo, por um comando da polícia que surgiu de madrugada num helicóptero Blackhawk.
Identificados como Sergei Skvortsov e Elena Kulkova, pelo website de investigação Bellingcat, o casal estava alegadamente a agir como agentes adormecidos para Moscovo, tendo-se mudado para a Suécia no final dos anos 90 do século XX.
De acordo com relatos da imprensa sueca, o casal dirigia empresas especializadas na importação e exportação de componentes eletrónicos e tecnologia industrial.
O homem foi novamente detido no final de novembro por "atividades ilegais de inteligência". O seu parceiro, suspeito de cumplicidade, foi libertado, mas permanece sob investigação.
As detenções não estão relacionadas com o julgamento contra os irmãos Kia, de acordo com as autoridades suecas.