A justiça sueca condenou a prisão perpétua um homem, enquanto o seu irmão foi sentenciado a nove anos e dez meses, por espiarem para a Rússia e o seu serviço de inteligência militar GRU, durante uma década.
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"Os irmãos, de forma conjunta e concertada, sem autorização e com o objetivo de servir a Rússia e o GRU adquiriram, transmitiram e divulgaram informações cuja divulgação a uma potência estrangeira pode afetar a segurança da Suécia", defendeu o tribunal.
O irmão mais velho, Peyman Kia, de 42 anos, ex-agente de inteligência sueco, foi julgado por recolher informações sigilosas, que o irmão, de 35 anos, entregou ao GRU, entre 2011 e 2021.
Durante este período, o principal arguido serviu nas forças de segurança suecas, Säpo, bem como na inteligência militar.
Alvos de uma discreta investigação de contraespionagem desde 2017, os dois homens foram detidos separadamente em setembro e novembro de 2021.
Peyman Kia "cometeu um ato de espionagem que se enquadra nas categorias mais graves (...) envolvendo assuntos de altíssima importância", sublinhou o juiz Måns Wigén, na divulgação da sentença de prisão perpétua.
O seu irmão, Payam Kia, foi acusado de tê-lo ajudado na transmissão dessa informação secreta, tendo sido sentenciado a nove anos e dez meses de prisão.
Pouco antes da sua detenção, Payam Kia tinha destruído um disco rígido que mais tarde foi encontrado num caixote do lixo.
Segundo a justiça sueca, o irmão mais velho apropriou-se de cerca de 90 documentos sigilosos - cujos vestígios foram encontrados no seu computador pessoal. Pelo menos metade da informação terá sido transmitida à Rússia, segundo a sentença.
O tribunal considerou que, apesar de "faltarem algumas peças", a acusação estabeleceu "um grande puzzle" de provas, "suficientemente claro para que os arguidos sejam considerados culpados".
A maior parte do julgamento, que durou quase um mês no final de 2022, foi realizado à porta fechada por motivos de segurança nacional.
Os dois homens, de família de origem iraniana, negaram as acusações e, segundo os seus advogados, pretendem recorrer da sentença.
Este julgamento coincidiu com outro caso espetacular de alegada espionagem para a Rússia, com a detenção de um casal russo no final de novembro, numa vila nos subúrbios de Estocolmo.
Este casal é acusado de atuar como agentes de Moscovo, depois de se mudarem para a Suécia no final dos anos 1990.
O homem foi colocado em prisão preventiva no final de novembro por "atividades ilegais de inteligência", enquanto a companheira deste, suspeita de cumplicidade, foi libertada, embora continue a ser investigada.
Em setembro de 2021, um consultor de tecnologia sueco também foi condenado por vender informações confidenciais sobre a fabricante sueca de camiões Scania à Rússia.