O Ministério Público informou que o procurador que estava a investigar a invasão aos estúdios do canal TC Televisión, que ocorreu no início da semana passada, foi assassinado a tiro, esta quarta-feira, na cidade de Guayaquil, considerada uma das mais violentas do Equador.
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César Suárez foi encarregue pelo Ministério Público de investigar o ataque aos estúdios do canal televisivo, estando ainda dedicado à perseguição do crime organizado na província de Guayas, no Equador. Pouco mais de uma semana após se ter iniciado uma onda de violência associada ao poder do narcotráfico no país, o procurador acabou por ser morto com vários disparos dentro do seu carro, na cidade de Guayaquil. O veículo acabou depois por ser atirado para a berma da estrada.
O assassinato de César Suárez foi confirmado pela procuradora-geral Diana Salazar num vídeo partilhado na rede social X. "Diante do assassinato do nosso colega César Suárez serei enfática: grupos do crime organizado, criminosos e terroristas não irão impedir o nosso compromisso com a sociedade equatoriana", assegurou a responsável. Salazar apelou ainda às forças policiais para que garantam a segurança dos funcionários, deixando claro que a unidade que lidera está a investigar o crime.
Segundo o jornal espanhol "El País", as autoridades acreditam que o investigador foi executado pelos "Los Tiguerones", uma influente gangue que está ligado aos crimes de extorsão em Guayaquil, a cidade mais populosa do país e onde a violência que cerca o Equador há mais três anos é mais sentida.
Como relata a Imprensa do país, o investigador contava com uma vasta experiência no Ministério Público, tendo estado envolvido em grandes operações de busca a grupos ligados ao crime organizado no Equador. Um dos momentos mais altos da sua carreira na Justiça deveu-se à participação na Operação Metástase, que apurou ligações entre narcotraficantes e funcionários públicos do país.
Natural de Paján, no Equador, Suárez passou quatro anos em Manta, na província de Manabí, onde integrou a Unidade de Mortes violentas. Mais tarde, foi transferido para Quito com o objetivo de constituir uma nova equipa e investigar a corrupção nacional. O procurador também esteve envolvido em casos relacionados com o sistema de saúde, como desvio de verbas de hospitais e a venda ilegal de medicamentos para tratar a covid-19.
Nas últimas semanas, a escalada de violência no país obrigou a população a abrigar-se dentro de casa por medo de represálias físicas. A tomada de reféns, as explosões em várias cidades e o rapto de agentes da Polícia, levaram o presidente do Equador, Daniel Noboa, a decretar, na semana passada, estado de emergência por considerar que a nação sul-americana está a viver um "conflito armado interno" que não tem fim à vista.
Por estar numa posição estratégica nas rotas internacionais do narcotráfico, o Equador - que já foi um refúgio de paz - é atualmente um Estado devastado pela violência depois de se tornar o principal ponto de exportação da cocaína produzida nos vizinhos Peru e Colômbia. Os assassinatos nas ruas aumentaram 800% entre 2018 e 2023, passando de seis para 46 por cada 100 mil habitantes. Em 2023, foram registados 7,8 mil homicídios e foram apreendidas 220 toneladas de drogas.
O acesso aos meandros do tráfico internacional fez com que os gangues criminosos começassem a exercer influência em diferentes instituições nacionais, como é o caso de organismos públicos.