
Foto: Charly Triballeau / AFP
Letitia James, procuradora-geral de Nova Iorque, foi acusada, na quinta-feira, de fraude bancária e declarações falsas a uma instituição financeira, depois de um conflito com o presidente norte-americano Donald Trump.
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A acusação está relacionada com uma propriedade em Norfolk, na Virgínia, que James teria declarado como segunda residência, permitindo-lhe obter condições de empréstimo favoráveis, e que posteriormente arrendou a uma família.
Em resposta às acusações, a procuradora de Nova Iorque disse que este processo é "nada mais do que a continuação da instrumentalização desesperada do sistema de justiça por parte do presidente". "Estas acusações não têm fundamento, e as próprias declarações públicas do presidente tornam claro que o seu único objetivo é a vingança política a qualquer custo. As acusações do presidente são uma violação grave da nossa ordem constitucional e suscitaram duras críticas de membros de ambos os partidos", acrescentou. A sua acusação tinha sido pedida por Trump à procuradora-geral Pam Bondi.
James revelou ter cometido um erro ao preencher os documentos do imóvel, que foram posteriormente corrigidos, o que torna as acusações "infundadas".
A democrata venceu, em 2024, um processo civil por fraude contra Donald Trump, os filhos e a sua imobiliária. O julgamento foi marcado pela troca de palavras acesas entre ambos e o presidente foi condenado a pagar 355 milhões de dólares (cerca de 305 milhões de euros) em multas, decisão a que Trump recorreu. Quando assumiu a presidência, Trump declarou que James devia ser "presa e punida".
No mês passado, a CNN noticiou que procuradores do Departamento de Justiça da Virgínia, liderados por Erik Seibert, entrevistaram dezenas de testemunhas e acreditavam não ter reunido provas suficientes para sustentar as acusações criminais contra Letitia James.
Sob pressão de Trump para apresentar acusações contra a procuradora, Seibert demitiu-se e foi substituído como procurador por Lindsey Halligan, antiga advogada pessoal de Trump. Halligan afirmou, em comunicado, que "as acusações deste caso representam atos criminosos intencionais e graves violações da confiança pública", acrescentado que "os factos e a lei neste caso são claros e continuaremos a segui-los para garantir que a justiça seja feita".
O advogado de Letitia James, Abbe Lowell, respondeu que o caso "é movido pelo desejo de vingança do presidente Trump" e que "quando um presidente pode publicamente determinar que acusações sejam movidas contra alguém, depois de advogados dizerem que não eram justificadas, há um sério ataque ao Estado de Direito".
Segundo a NBC, a Casa Branca recusou-se a comentar a acusação.
