Milhares de professores, estudantes e membros da oposição da Hungria manifestaram-se, na quarta-feira, exigindo reformas no setor da educação e mudanças das políticas governamentais relacionadas com a cultura.
Corpo do artigo
Os organizadores chamaram ao protesto "marcha da liberdade", onde participaram os sindicatos de professores e de grupos de estudantes que nos últimos meses têm exigido mudanças ao governo conservador da Hungria.
Os professores pedem aumentos salariais e melhorias das condições de trabalho assim como alterações legislativas que permitam o direito à greve dos docentes.
"Sem professores não há futuro" e "a greve é um direito" foram das frases mais ouvidas na manifestação, que percorreu as principais avenidas de Budapeste.
Os grupos de estudantes e muitos professores envolvidos nos protestos têm realizado atos de desobediência civil nos últimos meses.
Muitos professores foram despedidos pelo Governo por participação em ações de protesto, nomeadamente nas exigências sobre o direito à greve.
O protesto que se prolongou até às primeiras horas da noite de quinta-feira ocorreu no feriado nacional que, este ano, assinala os 175 anos sobre a revolução falhada de 1848 contra os Habsburgos.
O dia 15 de março costuma ser assinalado na Hungria por atos oficiais, mas também por protestos.
Nos últimos anos, o primeiro-ministro conservador Viktor Orbán abandonou a tradição sobre atos públicos e discursos em Budapeste passando a assinalar a data na pequena cidade de Kiskoros, a cerca de duas horas da capital.
Kiskoros é a cidade natal de Sandor Petofi, poeta húngaro que desempenhou um papel relevante na rebelião de 1848 contra o Império dos Habsburgos.
O Governo da Hungria tem criticado frequentemente a União Europeia. Bruxelas reteve os fundos destinados a Budapeste acusando o Executivo de Orbán de violação das normas do Estado de direito da União Europeia.
Orbán costuma referir-se à União Europeia como "império" que pretende dominar a Hungria, tal como, afirma, o "Império Austríaco (Habsburgos) e a União Soviética" nos séculos XIX e XX.
O primeiro-ministro foi reeleito em 2022 para um quarto mandato.