O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) conseguiu eleger, esta quinta-feira, Francina Armengol como presidente do Congresso dos Deputados, a câmara baixa das Cortes Gerais, o parlamento de Espanha.
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A socialista Francina Armengol foi eleita com 178 votos, dois a mais que o necessário para uma maioria absoluta. A candidata do Partido Popular (PP), Cuca Gamarra, ficou com 139 apoios, enquanto Ignacio Gil Lázaro, do Vox, reuniu 33 votos.
O triunfo do PSOE, um ensaio para uma futura investidura de Pedro Sánchez, aconteceu após o Juntos pela Catalunha (JxCat) reunir-se esta manhã e decidir apoiar a candidatura de Armengol. Os sete votos dos independentistas catalães vieram após diversas negociações. Segundo o jornal "El País", o acordo inclui o uso da língua catalã nas Cortes Gerais e na União Europeia (UE), como também investigações para esclarecer a espionagem que pessoas ligadas ao partido sofreram e os atentados terroristas de 17 de agosto de 2017, ocorridos em Barcelona.
Depois de ter cobrado "factos verificáveis" para que haja um consenso, Carles Puigdemont comemorou, esta quinta-feira, o anúncio de que a Espanha vai promover as línguas co-oficiais (catalão, galego e basco) na UE. O fundador do JxCat, fugido da Justiça desde a proclamação unilateral de indepêndencia da Catalunha, alertou que o apoio para a liderança do Congresso não altera a situação em relação à formação de um Executivo espanhol. "É uma negociação na mesa do Congresso. A investidura está exatamente onde estava no dia seguinte à eleição", completou.
Além do apoio do JxCat, o número de votos favoráveis aos socialistas indica a consolidação da aliança com o Sumar (31 deputados), a Esquerda Republicana da Catalunha (sete), os bascos do Bildu (seis), o Partido Nacionalista Basco (cinco) e o Bloco Nacionalista Galego (um). Gamarra, a candidata do PP, foi apoiada pelo União do Povo Navarro e pela Coligação Canária, ambas formações políticas com um representante cada.
Com a perspetiva de derrota dos populares, os 33 deputados do Vox romperam com o partido de Alberto Núñez Feijóo e escolheram o candidato próprio, Ignacio Gil Lázaro. O líder do partido, Santiago Abascal, chegou a defender que os extremistas participassem na mesa do Congresso, já que é a terceira força política no parlamento.
O abandono promovido pelo Vox é visto como um protesto, após o PP ter confirmado, antes da sessão parlamentar, que não ajudaria a extrema-direita a conseguir uma cadeira na mesa do Congresso. O movimento coloca agora uma sombra no apoio da ultradireita a uma eventual investidura de Feijóo para o cargo de primeiro-ministro.
A mesa é responsável pelo orçamento do Congresso, além de coordenar os diversos trabalhos, como as comissões parlamentares, as interpelações das diversas forças políticas e o calendário para a votação de legislação. A direção é composta por um presidente, quatro vice-presidentes e quatro secretários.
Na segunda votação, para os quatro vice-presidentes, os socialistas ficaram com um assento, enquanto que o Sumar, liderado pela aliada Yolanda Díaz, ficou com outro. O PP conquistou os outros dois lugares. Esta divisão foi a mesma com os quatro cargos de secretário da mesa.
PP consegue o Senado
Sem surpresas, os populares conseguiram eleger com 142 votos Pedro Rollán para a presidência do Senado. Três votos foram depositados para Ángel Pelayo Gordillo, do Vox, enquanto que os outros 114 papéis depositados na urna ficaram em branco.
A câmara alta do parlamento tem 120 senadores do PP entre os 208 assentos eleitos no escrutínio de julho. O Senado espanhol tem ainda mais 58 representantes, estes designados pelos parlamentos das regiões autonómicas.