Pugilista mexicano Chávez Jr. deportado dos EUA por suposta ligação ao narcotráfico
O pugilista mexicano Julio César Chávez Jr. está detido no México e enfrenta acusações relacionadas com o narcotráfico após ter sido deportado dos EUA, informaram as autoridades mexicanas esta terça-feira.
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Filho da lenda do boxe Julio César Chávez, o pugilista, cuja carreira desportiva está em declínio aos 39 anos, é acusado no México de envolvimento com crime organizado e tráfico de armas.
Nos EUA, onde foi preso no mês passado por estar ilegalmente no país, é apontado como tendo vínculos com o cartel de Sinaloa, designado como uma organização "terrorista global" pelo governo do presidente Donald Trump.
Chávez Jr. foi entregue às 12 horas de segunda-feira e transferido por policiais federais para uma prisão na cidade de Hermosillo, capital do estado de Sonora, no noroeste do México, informou o Registo Nacional de Detenções.
"Foi deportado", declarou a presidente Claudia Sheinbaum na sua conferência de imprensa habitual, destacando que há um mandado de prisão contra ele.
O pugilista foi preso a 2 de julho em Los Angeles por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE), após fornecer informações fraudulentas na sua solicitação de residência permanente nos EUA. Segundo as autoridades norte-americanas, Chávez Jr. entrou legalmente no país em 2023 com um visto de turista válido até fevereiro de 2024. Em abril daquele ano, apresentou um pedido de residência permanente devido ao seu casamento com uma cidadã americana, que também terá ligações ao cartel de Sinaloa.
Posteriormente, o Ministério Público Geral mexicano informou que Chávez Jr. tinha um mandado de prisão pendente no México desde março de 2023. Segundo meios de comunicação mexicanos, Chávez Jr. mantinha vínculos com os filhos de Joaquín "El Chapo" Guzmán, um dos fundadores do cartel de Sinaloa, condenado à prisão perpétua nos EUA. Dois filhos de Guzmán também estão presos naquele país. De acordo com a imprensa mexicana, que afirmam ter tido acesso ao processo, o desportista teria sido um "ajustador de contas" encarregado de punir membros da organização criminosa. "Ele pendura-os e trata-os como saco de pancadas", publicou o jornal "Reforma", citando um testemunho contido no processo do Ministério Público.
A extradição de Chávez Jr. ocorre num momento em que o governo Trump adota medidas drásticas contra a imigração irregular nos EUA. O caso levou a subsecretária do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Tricia McLaughlin, a pronunciar-se no contexto da política de Washington contra os cartéis de drogas. "Sob a presidência de Trump, ninguém está acima da lei, nem mesmo atletas de fama mundial", afirmou McLaughlin no início de julho. "O nosso recado a qualquer afiliado a um cartel nos Estados Unidos é claro: nós vamos encontrá-los e eles enfrentarão as consequências."
A detenção do pugilista aconteceu quatro dias depois de ter protagonizado uma das noites de boxe mais divulgadas do ano nos EUA, na qual foi derrotado por Jake Paul.