Vladimir Putin pediu esta quinta-feira aos russos, poucas horas antes do início das eleições presidenciais, que votem num "período difícil" para o país.
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O chefe de Estado da Rússia, no poder há mais de duas décadas, tem a vitória assegurada nas eleições do fim de semana, o que resultará num mandato de seis anos. O Kremlin afirma que a votação mostrará que a sociedade apoia a ofensiva na Ucrânia.
"Estou convencido de que compreendem o período difícil que o nosso país atravessa, os difíceis desafios que enfrentamos em praticamente todas as áreas", disse Putin num discurso exibido pela televisão pública russa.
"Peço que compareçam para votar e expressem a sua posição cívica e patriótica, que votem no candidato de sua escolha, pelo futuro da nossa amada Rússia", insistiu. "Participar nas eleições é demonstrar sentimentos patrióticos", destacou.
Putin tem três adversários de pouca relevância, que não expressam oposição à ofensiva na Ucrânia nem à dura repressão contra os dissidentes, que resultou na morte na prisão, em fevereiro, do principal crítico do Kremlin, Alexei Navalny.
A economia russa, afetada pelas sanções internacionais, resiste, mas teve que ser reorientada para o esforço de guerra e a indústria militar.
Moscovo imaginava que o ataque contra a Ucrânia duraria alguns dias ou talvez semanas, mas o conflito acaba de completar dois anos.
Ao falar sobre a frente de batalha, Putin apresenta as recentes conquistas, em particular a tomada da cidade de Avdiivka em fevereiro, como uma prova de que a "operação militar especial" - os termos impostos pelo Kremlin - está no bom caminho, apesar do número expressivo de baixas, tema que o governo não comenta.
As eleições presidenciais começam com a abertura dos locais de votação no extremo leste da Rússia às 8 horas locais de sexta-feira e terminarão em Kaliningrado no domingo às 20 horas locais.
Nos territórios ucranianos anexados pela Rússia, a votação antecipada começou nos últimos dias de fevereiro.
Os críticos do Kremlin não participam nas eleições. O único opositor real que tentou registrar sua candidatura, Boris Nadezhdin, foi vetado pela Comissão Eleitoral.
A oposição foi completamente dizimada após a detenção de vários dissidentes e da repressão que forçou vários deles a partir para o exílio. Com a morte de Navalny, aos 47 anos, o movimento perdeu seu principal representante.
As autoridades russas anunciaram uma morte de causas naturais, mas a equipa do opositor denuncia um assassinato.
A viúva de Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, que vive no exílio e prometeu dar continuidade à luta do marido, fez um apelo aos russos para que protestem durante as eleições: pediu que todos compareçam às urnas ao meio-dia de domingo para votar em qualquer candidato, exceto Putin.
As mulheres dos soldados russos enviados para a guerra da Ucrânia, que pedem o retorno dos militares, aderiram ao apelo.
Ninguém tem dúvidas que Putin será reeleito. A votação permitirá que ele permaneça no poder até 2030 e, após uma reforma constitucional, poderá ser candidato novamente e seguir no comando do país até 2036, com 84 anos.