A diretora dos serviços secretos nacionais norte-americanos, Avril Haines, declarou, esta quinta-feira, que as forças russas na Ucrânia estão tão enfraquecidas que não conseguem lançar "uma ofensiva significativa", estando concentradas em consolidar os seus ganhos de território ocupado.
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"[O presidente russo, Vladimir] Putin provavelmente reviu em baixa os seus objetivos imediatos [desde que ordenou a invasão da Ucrânia, em fevereiro do ano passado], enquanto procura consolidar o controlo de territórios ocupados no leste e no sul da Ucrânia e assegurar-se de que a Ucrânia nunca se tornará aliada da NATO", disse a responsável, numa audição perante uma comissão do Congresso norte-americano.
Mas, acrescentou Haines, qualquer que seja o resultado de uma futura contraofensiva ucraniana -- quer recupere parte do leste e do sul ocupados, quer se mantenha o atual impasse -, é pouco provável que Putin faça cedências no sentido da realização de negociações de paz.
Kiev garante que os seus preparativos para uma contraofensiva em grande escala destinada a reconquistar os territórios ocupados pela Rússia no leste e no sul do país "estão quase concluídos".
Neste momento, a Rússia ocupa quase 20% da Ucrânia, incluindo a península da Crimeia, que anexou em 2014.
"O desafio que se coloca é que, mesmo que Putin provavelmente reveja os seus objetivos a curto prazo, a perspetiva de concessões russas para avançar para negociações este ano parece fraca, a menos que uma fragilidade política interna o faça mudar de ideias", observou a alta responsável.
Avril Haines insistiu em especial no estado de degradação do exército russo, que tem carências "significativas" de munições e de efetivos, o que impede Moscovo de lançar qualquer ofensiva na Ucrânia.
As suas perdas são de uma dimensão tal, estimou, que serão necessários "anos para reconstruir" o exército.
"Nós continuamos a ser da opinião de que Putin com certeza pensou que tem o tempo a seu favor e que prolongar a guerra lhe dá a melhor hipótese de proteger os interesses estratégicos da Rússia na Ucrânia", sustentou.
A responsável dos serviços secretos nacionais dos Estados Unidos considerou ainda "muito improvável" que Putin recorra a armas nucleares neste conflito.