Vladimir Putin classificou, hoje, o ataque de sexta-feira à noite em Moscovo como "bárbaro" e afirmou que todos os suspeitos do atentado que matou mais de cem pessoas tentavam fugir para a Ucrânia, onde teriam apoio, quando foram detidos. Quatro serão autores materiais do "homicídio em massa".
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Nas primeiras palavras ao país após o atentado de ontem no Crocus City Hall, onde mais de cem pessoas morreram quando se preparavam para assistir a um concerto, o presidente russo não disse cabalmente que a Ucrânia seria a culpada do ataque, mas deixou perceber que este poderá ser um caminho a seguir nos próximos dias pelas autoridades do país.
Afirmou que a Ucrânia se estaria a preparar para facilitar a passagem dos atacantes pela fronteira e prometeu que todos os responsáveis serão punidos, "forem eles quem forem e quem os poderá ter apoiado". Especificou que quer saber quem lhes forneceu transporte, delineou rotas de fuga da cena do crime e preparou esconderijo e armamento. Quatro homens detidos serão os autores materiais "do preparado e organizado homicídio em massa de pessoas pacíficas e inocentes", mas houve já um total de 11 detenções, de outros suspeitos que terão prestado apoio logístico.
"Terroristas, assassinos, não-humanos enfrentarão o destino nada invejável da retribuição e do esquecimento", prometeu Putin, que declarou, para este domingo, um dia de luto nacional em toda a Rússia. No discurso de cerca de cinco minutos transmitido pela televisão, houve ainda uma comparação com o Holocausto, com uma execução pública, "tal como os nazis fizeram em tempos massacres nos territórios ocupados".
Ainda antes do discurso, um comunicado do FSB, serviço de segurança federal, dava conta de "contactos" dos suspeitos com o lado ucraniano, mas nada foi dito sobre uma possível ligação ao Daesh, organização terrorista que reivindicou o ataque. "Repito, identificaremos e puniremos todos os que estão por detrás dos terroristas, que prepararam esta atrocidade, este ataque à Rússia, ao nosso povo", garantiu o líder russo, deixando uma mensagem de agradecimento a quem está a trabalhar no socorro às vítimas. Segundo o balanço mais recente, 133 pessoas morreram no atentado da última noite.
Apesar de o grupo terrorista Estado Islâmico ter reivindicado a autoria do ataque, a teoria de que a Ucrânia poderá estar ligada ao atentado tem sido veiculada por alguns responsáveis russos, como o ex-presidente Dmitir Medvedev, que defendeu, se tal se confirmar, que "todos devem ser encontrados e destruídos impiedosamente como terroristas. Incluindo os líderes do Estado que cometeram tal atrocidade".
O lado ucraniano garantiu, ainda na sexta-feira, que o país "não tem absolutamente nada que ver" com o tiroteio em Moscovo. "A Ucrânia nunca utilizou métodos de guerra terroristas", garantiu, no Telegram, o porta-voz da Presidência da República ucraniana, Mikhailo Podoliak, classificando o ataque como um "ato terrorista".