Pyongyang adverte que Seul ter submarinos nucleares provocará "efeito dominó nuclear"

Kim Jong-un, o líder da Coreia do Norte
Foto: KCNA via KNS / AFP
A Coreia do Norte advertiu, esta terça-feira, que a futura construção de submarinos nucleares pela Coreia do Sul, em cooperação com os Estados Unidos, desencadeará "inevitavelmente" um "efeito dominó nuclear" na região.
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Os submarinos nucleares permitirão à Coreia do Sul avançar na "nuclearização" do seu armamento, desencadeando, por sua vez, um "efeito dominó nuclear" na região e uma "intensa corrida ao armamento", afirmou a agência estatal norte-coreana KCNA num extenso editorial.
Esta é a primeira resposta de Pyongyang a documentos divulgados por Seul e Washington na semana passada, nomeadamente a nota informativa conjunta sobre as duas cimeiras entre o presidente da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, e o homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, realizadas em agosto e outubro deste ano, e o comunicado conjunto sobre os resultados da 57.ª Reunião Consultiva de Segurança (SCM), realizada no início do mês.
Nas notas em causa, Washington e Seul confirmam um alívio parcial das restrições ao enriquecimento de urânio por parte da Coreia do Sul.
O editorial norte-coreano critica o facto de Washington ter autorizado a Coreia do Sul a desenvolver submarinos de propulsão nuclear e acusa os Estados Unidos de darem "luz verde" a Seul para enriquecer urânio e reprocessar combustível nuclear.
Estas medidas transformariam a Coreia do Sul num "quase-Estado nuclear", aponta Pyongyang, que acusa os dois estados de substituírem a expressão "desnuclearização da península coreana" por "desnuclearização da Coreia do Norte".
O regime de Pyongyang continua firme em não manter diálogos de qualquer tipo, nomeadamente com Washington, até que o tema da desnuclearização seja retirado da mesa de negociações.
A porta-voz presidencial da Coreia do Sul, Kang Yu-jung, afirmou através de um comunicado que Seul "não tem intenções hostis nem de confronto com o Norte".
Um funcionário do Ministério da Unificação sul-coreano, citado pela agência de notícias local Yohnap, acrescentou que o editorial norte-coreano se limita a repetir a posição existente de Pyongyang em relação aos temas abordados, destacando que não menciona nominalmente os líderes da Coreia do Sul e dos Estados Unidos e que o tom do editorial é "sereno e moderado".
O editorial surge um dia depois de Seul ter emitido a primeira proposta oficial de diálogo militar intercoreano sob o Governo de Lee, destinada a evitar confrontos acidentais na fronteira, e após a tentativa falhada da Administração Trump de realizar uma cimeira com Kim Jong-un durante a digressão asiática do presidente norte-americano no mês passado.
