A Rússia estacionou perto de 100 mil militares ao longo da fronteira com a Ucrânia, disse, esta quinta-feira, um responsável ucraniano, elevando consideravelmente o número de 20 mil tropas estimado pelos Estados Unidos da América.
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"Quase 100 mil tropas estão estacionadas junto à fronteira. Estão prontas para atacar há várias semanas", disse o presidente do conselho de segurança nacional ucraniano, Andriy Parubiy, numa videoconferência a partir de Kiev com o 'think tank' norte-americano Atlantic Council.
"As tropas russas não estão só na Crimeia, estão ao longo de toda a fronteira. No norte, no leste, no sul", insistiu.
Para este responsável, depois da intervenção militar na Crimeia, a Rússia pretende fomentar o sentimento separatista noutras regiões e a Ucrânia teme uma incursão no leste do país.
Parubiy disse que a Ucrânia se prepara para uma invasão a qualquer momento.
O Pentágono tinha estimado anteriormente que as tropas russas junto à fronteira com a Ucrânia seriam cerca de 20 mil - incluindo unidades aerotransportadas e veículos blindados -, uma força suficientemente grande para tomar o leste ucraniano.
E, na terça-feira, o secretário da Defesa norte-americano, Chuck Hagel, afirmou que a Rússia continuava a enviar tropas para a fronteira.
"A verdade é que eles continuam a reforçar as tropas", disse Hagel, a quem o homólogo russo, Serguei Shoigu, assegurou na semana passada que as forças de Moscovo não ultrapassariam a fronteira.
Andriy Parubiy apelou por outro lado aos países ocidentais para que colaborem numa demonstração pública de aliança militar para enviar um sinal forte à Rússia.
"Apelamos aos nossos aliados que façam um exercício militar conjunto (que) mostre que a cooperação e a parceria existem", disse, pedindo um "apoio visível" e uma "presença visível dos aliados" de Kiev neste momento de crise.
O mesmo responsável indicou que as tropas russas que foram enviadas para a Ucrânia eram das forças especiais ('Spetsnaz'), "muito bem equipadas", e que a operação recebeu o nome de "primavera russa".
"Segundo as nossas informações, eles estão a iniciar a próxima etapa, a da estratégia política para que visa sabotar as eleições presidenciais ucranianas" de 25 de maio, disse.