As autoridades dinamarquesas afirmaram, esta quinta-feira, ter evitado um ataque terrorista após três detenções na Dinamarca e uma quarta na Holanda, enquanto Israel afirmou que os suspeitos na Dinamarca estavam a agir "em nome do Hamas".
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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou entretanto, em comunicado, que as forças de segurança dinamarquesas tinham "impedido um ataque cujo objetivo era matar civis inocentes em solo europeu".
"A organização terrorista Hamas tem trabalhado de forma incansável e exaustiva para expandir as suas operações para a Europa, constituindo assim uma ameaça para a segurança interna destes países", afirmou Netanyahu.
A polícia dinamarquesa não entrou em pormenores sobre os suspeitos nem deu qualquer indicação sobre o possível alvo da alegada conspiração.
"Tratava-se de um grupo que planeava um ato de terror", disse Flemming Drejer, diretor de operações do PET, numa conferência de imprensa. Havia "ramificações que envolviam outros países" e o crime organizado, acrescentou.
Drejer limitou-se a dizer que outros suspeitos atualmente no estrangeiro estariam também implicados na conspiração.
O PET e vários distritos policiais efetuaram as detenções na Dinamarca em rusgas realizadas na manhã desta quinta-feira em várias zonas do país escandinavo, segundo as autoridades.
O nível de ameaça contra a Dinamarca é considerado elevado, tendo o PET classificado o país em quatro na sua escala de ameaça de cinco pontos.
A polícia intensificou a sua presença em Copenhaga, mas afirmou que a capital continuava "segura".
A comunidade judaica cancelou, no entanto, uma celebração pública do Hanukkah prevista para a noite de quinta-feira, informaram os meios de comunicação dinamarqueses.
A primeira-ministra Mette Frederiksen afirmou que as operações "nos mostram a situação em que se encontra a Dinamarca". "Há vários anos que constatamos que há pessoas que vivem na Dinamarca e que não nos querem bem, que são contra a nossa democracia, a nossa liberdade e que são contra a sociedade dinamarquesa", disse aos jornalistas.
Três detidos na Alemanha
Em Berlim, a polícia alemã também deteve três suspeitos de pertencerem ao Hamas, acusados de prepararem um ataque contra alvos judeus na Europa.
As detenções de Abdelhamid Al A. e Ibrahim El-R., ambos nascidos no Líbano, e do egípcio Mohammed B. foram efetuadas por agentes da polícia federal em Berlim, enquanto a de Nazih R., de nacionalidade neerlandesa, teve lugar em Roterdão, ao abrigo de um mandado de captura europeu.
O Ministério Público alemão não revelou os respetivos apelidos.
"A partir da primavera de 2023, o mais tardar, Abdelhamid Al A. foi encarregado de localizar, em nome do Hamas, um depósito de armas clandestino na Europa, que a organização tinha escondido no passado", explicou o Ministério Público.
Recebeu instruções de altos responsáveis do Hamas baseados no Líbano.
"As armas deveriam ser transferidas para Berlim e disponibilizadas para possíveis ataques contra instituições judaicas na Europa. Em outubro de 2023, Abdelhamid Al A., Mohamed B. e Nazih R. saíram várias vezes de Berlim em busca das armas. [...] Foram apoiados nas diligências por Ibrahim El-R", disse o procurador.
Os três homens, juntamente com um outro suspeito detido na Holanda, terão começado a preparar um esconderijo de armas na capital alemã, onde as armas seriam "mantidas em estado de prontidão, tendo em vista potenciais ataques terroristas contra instituições judaicas na Europa", afirmaram os procuradores federais alemães em comunicado.
A polícia dinamarquesa recusou-se a comentar se havia alguma ligação entre as detenções registadas na Dinamarca e na Alemanha.
Casos anteriores
Já em 2006, uma onda de violência antidinamarquesa alastrou-se pelo mundo muçulmano após a publicação de caricaturas de Maomé, levando a uma maior vigilância por parte dos serviços de inteligência e da polícia que, desde então, frustraram vários ataques planeados.
No entanto, Copenhaga foi alvo, em fevereiro de 2015, de um ataque "jihadista", que pareceu inspirado nos ataques cometidos em Paris um mês antes contra o semanário Charlie Hebdo e a loja Hyper Cacher.
O autor deste ataque tinha como alvo um centro cultural onde decorria um debate sobre a liberdade de expressão e também a principal sinagoga da capital do país escandinavo, mas foi morto a tiro pela polícia.
Há um ano, a Justiça dinamarquesa condenou um simpatizante da organização Estado Islâmico a 16 anos de prisão por planear um ataque bombista, a pena mais pesada proferida na Dinamarca num caso abrangido pela legislação antiterrorismo.
O acusado declarou-se inocente, alegando que os 12 quilos de pólvora e produtos químicos encontrados escondidos na sua casa tinham como objetivo fazer fogos-de-artifício.
No início deste mês, a comissária de Assuntos Internos da União Europeia, Ylva Johansson, considerou que a Europa enfrenta um "enorme risco de ataques terroristas" durante o período de férias de Natal devido às consequências da guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas.