O Mundo saiu à rua em Paris para celebrar a República e mostrar que há valores mais fortes do que o medo do terrorismo. Cortejo foi encabeçado por dezenas de líderes mundiais de braço dado com Hollande.
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As largas ruas e avenidas de Paris foram, este domingo, pequenas para albergar os 1,5 milhões de pessoas que se juntaram na manifestação de repúdio aos ataques terroristas da última semana. Participaram pessoas de várias etnias, credos e opções políticas, cantando a "Marselhesa" e gritando "Je suis Charlie". Em todo o país, foram mais de quatro milhões. Uma mobilização "sem precedentes", considerou o ministro do Interior francês.
Em Paris, todos quiseram mostrar que não se deixam intimidar pelos atentados que abalaram o coração do país. Houve quem comparasse a massa humana com a que esteve nas ruas durante a libertação de Paris do jugo Nazi. "Paris hoje é capital do Mundo", resumiu o presidente francês, ainda antes do início da manifestação, que foi replicada em outras capitais europeias, como Londres, Bruxelas ou Berlim, mas também na Palestina.
Dezenas de líderes mundiais também quiseram "ser Charlie", em memória dos jornalistas mortos no ataque contra a revista satírica "Charlie Hebdo" e das outras vítimas dos três dias de terror em França. François Hollande, acompanhado da chanceler alemã, Angela Merkell, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o presidente do Mali, Ibrahim Boubacar, o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, entre muitos outros, entrelaçaram os braços e marcharam em Paris, numa demonstração de união global contra o terrorismo.
Curioso é notar que alguns dos que estiveram em França pela liberdade de expressão, são os mesmos que têm um registo negro nas relações com os jornalistas em casa.
Fronteiras reforçadas
Paralelamente à manifestação, realizou-se uma reunião com onze ministros da Administração Interna da União Europeia (UE) e o procurador-geral dos EUA. Nela, foi decidido rever o Tratado de Schengen, para reforçar os controlos das fronteiras exteriores da UE. A convocatória para um Conselho de Ministros da Justiça e do Interior será emitida "rapidamente" e a reunião servirá para debater o reforço das medidas de controlo sobre a entrada e saída de europeus nas fronteiras terrestres da UE.
Horas antes, o ministro espanhol do Interior revelava que poderiam ser criadas algumas restrições à livre circulação de bens e serviços, que afetariam "pessoas sobre as quais existe uma suspeita fundada de que podem ser terroristas ou suscetíveis de ser terroristas".
Marcada está já uma cimeira contra o terrorismo, organizada, em fevereiro, pelos EUA.