Jacinda Ardern, 37 anos, é a mais jovem líder do partido trabalhista na Nova Zelândia.
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Jacinda Ardern foi eleita na terça-feira, depois da saída de Andrew Little. É a mais jovem a assumir o cargo e a segunda mulher.
Horas depois, num programa de televisão, foi questionada pelo apresentador Jesse Mulligan sobre se tinha sentido a necessidade de escolher entre progredir na carreira ou ter filhos.
A jovem líder partidária já tinha afirmado publicamente que o seu desejo de criar uma família a fez pensar seriamente sobre o seu percurso profissional. "Não tenho problema em que faça essa pergunta (...) porque penso que é um dilema que muitas mulheres enfrentam", respondeu.
Numa segunda entrevista, esta quarta-feira de manhã, foi novamente questionada sobre o mesmo tema. Disse o apresentador Mark Rischardson que os neozelandeses tinham o direito de saber se ao escolherem o próximo primeiro-ministro essa pessoa pode ausentar-se devido à licença de maternidade - o país realiza eleições em setembro.
"Numa empresa é preciso saber esse tipo de coisas das mulheres que se contratam... mas a questão é: é OK para um primeiro-ministro tirar licença de maternidade quando está em funções?", questionou Mark Rischardson.
A líder partidária ficou visivelmente desagradada, afirmando que as mulheres tinham o direito de não revelar os seus planos de maternidade aos patrões. Acrescentou ainda que é ilegal discriminar uma potencial candidata a um emprego por estar grávida ou pretender ser mãe no futuro.
"É totalmente inaceitável que em 2017 se diga que uma mulher tem de responder a essa questão no local de trabalho. É inaceitável, inaceitável", frisou, apontando o dedo indicador ao apresentador.
"É uma decisão da mulher quando quer ter filhos e isso não deve predeterminar se vai ou não ter oportunidade de trabalho", acrescentou.
A pergunta está a suscitar no país o debate público sobre sexismo e igualdade de género.
O primeiro-ministro Bill English já considerou que a questão a Jacinda Ardern não era aceitável e que "algumas intromissões pessoais" podem ser admissíveis na política mas os planos de Jacinda Ardern sobre maternidade são "questões privadas".